Rodrigo Dias
Crise se cria? Esta é uma pergunta que venho me fazendo ultimamente. Se depender de boa parte da mídia, ela se potencializa sim. A moda agora é o jornalismo denuncismo, aquele vago e que não leva a lugar nenhum, e que só serve, mesmo, para tensionar as relações.
O jornalismo apurativo e que oferece os fatos para o julgamento do leitor, telespectador, ouvinte ou internauta, é algo cada vez mais raro. Todos agora, pelos mais variados motivos, estão mais preocupados em dar suas opiniões e impressões sobre a ordem do dia do que, efetivamente, levantar os fatos com profundidade.
Jornalismo produzido assim, por vezes, é raso e propenso a falhas. Induz o receptor a interpretações errôneas e prega meias verdades. Concordo que imparcialidade no jornalismo é utopia e deve existir, mesmo, como referência do que é salutar para a profissão.
Mas é fato, também, que a parcialidade nos veículos de comunicação tem que ser clara e não envolver o receptor numa situação em que essa parte da história se torne a história toda.
Na era da comunicação digital o jornalismo muda de roupa. Livre de certas amarras, o jornalista de ofício se vê livre a produzir um texto com os seus sentidos. Blogs e fan pages se proliferam com muita força nessa linha, e a grande vantagem é que o receptor escolhe a quem seguir. Considerando, para isso, a intenção e qualidade do material produzido. Conceito bem diferente do que é utilizado em muitas redações que optam por camuflar sua parcialidade num determinado fato em nome de uma imparcialidade.
Os jornalistas de ofício, principalmente os que optaram por uma formação em academia, devem ficar atentos a essa nova fase da profissão. Jornalismo é muito mais que denuncismo barato e muito menos é entretenimento. Jornalismo é informação e formação.
Tão importante quanto a qualidade do texto, é a intenção na apuração e a produção de uma informação reveladora dos fatos. Este conceito, que deve ser perseguido pelas faculdades e universidades, não pode sair de moda para dar lugar a rostinhos bonitos, cheios de trejeitos e desprovidos de qualquer conteúdo.
O que faz diferença num bom jornalismo não é a logomarca que estampa o gravador ou microfone empunhado pelo repórter ou pelo veículo que o conduz. O que faz a diferença é a boa formação e a vontade, mesmo com as possíveis limitações, de se praticar um bom jornalismo. Aquele que soma para a comunidade.
Entendimento que vale para os focas e para os que se acham “foda”.
artigorodrigodias@gmail.com