O parque da ilha foi interditado temporariamente (Foto: Marcelo Lopes)

Laudo comprova morte de duas pessoas devido a doença; Ambas estiveram no local

Marcelo Lopes

O Parque da Ilha, localizado no bairro Niterói, em Divinópolis, está interditado, a partir desta quarta-feira (08). A determinação partiu da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Nesta terça-feira (07) a medida foi sugerida pelo vereador, Eduardo Print Jr. (SD).

Nos últimos 45 dias, três óbitos foram registrados suspeitos de febre hemorrágica

“O Estado confirmou dois, que já estão com exames de laboratório positivo para febre maculosa, mas eles ainda estão sendo investigados sobre o local do contágio e como houve relatos de que esses pacientes passaram pelo Parque da Ilha, nós estamos com uma medida protetiva e vamos fazer um acesso restrito ao público, os portões serão fechados e isso vai permanecer, com essa determinação até passar o período de infestação, que vai até o final de outubro”, disse o secretário municipal de saúde, Amarildo de Souza.

De acordo com Amarildo a interdição é também para uma melhor observação do local e onde os carrapatos estão contaminados. No Parque da Ilha, apenas os funcionários da Sala Verde e os que fazem a manutenção da localidade poderão ter acesso.

Preocupação

Ao lado do Parque da Ilha fica a Escola Municipal Darcy Ribeiro. Com o históricos de casos relacionados à febre hemorrágica, também há a preocupação dos pais das crianças que estudam no local. Ao todo, são cerca de 218 alunos.

Segundo a secretária de educação, Vera Prado, medidas de precaução já foram tomadas para evitar a proliferação dos carrapatos e ela também adiantou que as crianças não estiveram presentes em atividades no parquinho da escola e nem no Parque da Ilha.

“As atividades são todas feitas no espaço interno da escola. Uma dedetização interna já foi feita no dia 04 de agosto, na verdade mais uma, porque isso sempre é feito regularmente e agora nós estamos aguardando que a chuva dê uma trégua para poder dedetizar a parte externa. Toda uma varredura já foi realizada aqui e no Parque da Ilha também”, disse.

Sobre a preocupação dos pais dos alunos, Vera também relatou que os mesmos foram comunicados sobre o assunto e também foram orientados para que estes casos não se repitam com os filhos.

“No primeiro dia letivo, os pais já receberam um bilhete, pedindo para verificar o corpo da criança ao sair e retornar de casa, pois elas moram muito próximo da escola, na beira de rio, brincam com animais como cachorros, cavalos, então eles têm esse contato e pedimos aos pais para verificar e nesta terça (07), a diretora da escola mandou outro comunicado, muito bem esclarecedor, dizendo da preocupação da escola em relação às medidas de segurança da saúde das crianças”, finalizou.

Casos e precaução

O acesso deve ser liberado novamente em outubro (Foto: Marcelo Lopes)

No último sábado (04), um idoso, de 63 anos faleceu após dar entrada no hospital com suspeitas de febre hemorrágica. Em julho, uma jovem, de 22 anos e um idoso, de 81 anos, também faleceram com os mesmos sintomas. Nestes últimos dois casos, a febre maculosa foi confirmada como a causadora destas mortes. Nos três casos, as vítimas foram ao Parque da Ilha, que é considerado um local de risco em relação à doença, que é transmitida pelo carrapato estrela.

Antes destas ocorrências, a última vez que se registraram casos como estes foi no ano de 2016. Na época, quatro casos foram registrados com a confirmação de dois óbitos.

“Todas as pessoas que entram em áreas de risco, estão sujeitas a contrair o carrapato. Um outro fato que se estabelece da seguinte maneira, é que o carrapato fixa na pele do corpo humano, ou seja, ele não entra, dá a picada e vai embora. Nesse período de fixação é que é transmitido determinadas doenças”, disse o biólogo Claudemir da Cunha.

A doença começa abruptamente com um conjunto de sintomas semelhantes aos de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, inapetência e desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas, as máculas, que crescem e tornam-se salientes, constituindo as maculopápulas. Não existe vacina contra a febre maculosa brasileira. O diagnóstico precoce é importante para dar início ao tratamento porque a taxa de letalidade da doença é elevada. Amarildo reforça o cuidado nestes casos.

“Como já divulgamos amplamente, os hospedeiros para o carrapato estrela não são somente os animais silvestres, no caso das capivaras e outros pequenos animais, mas também cães, cavalos, então todas as pessoas que têm contato com este tipo de animal devem reforçar o cuidado, que seja a observação do corpo e a retirada do carrapato com cuidado, para que não haja possibilidade de contaminação”, finalizou.