Mineiramente falando: o trem passou. Foi logo ali e cê não viu. Passou rapidinho e não fez nem fumaça. É assim mesmo, se não prestar atenção o trem passa e deixa a gente na mão.

 

 

rodrigo (1)

Passou cheio de vagão e cada um conta uma história. Tem gente que dá bobeira e fica só espiando ele passar, e mesmo tendo lugar nos vagões não sobe. Fica sem embarcar com receio de sei lá o quê.

Os apressados apeiam na parada errada, viagem sem volta. Ficam por ali mesmo esperando outro trem passar. Sem relógio, fica difícil precisar quando a outra condução vai passar, e aí há de se contentar em ficar à beira do caminho.

Esperando.

A viagem de trem não é rápida. Cadenciada ela permite contemplar a paisagem, o que ajuda a colocar o pensamento em dia. Sem pressa. Entre vales e montanhas a viagem ajuda a reconhecer a pequenez do viajante.

O trem tem a vontade.

Robusta locomotiva que puxa tudo. Impulsiona para frente e dita a velocidade. É flecha certeira. Caminho traçado que, sem intercorrências, será cumprido.

Trem parado é a falta da locomotiva. Da sua força e objetivo. Gente a deriva que fica torcendo por um reboque que ajude a chegar numa próxima estação. Trem foi feito para viagem. Trem quebrado, não tem serventia. De toda forma, siga. Aproveite o restinho do tempo. Coloque a cabeça para fora da janela e respire. Renove a percepção e anime-se para o próximo embarque, no trem certo. Seja trem ou passageiro o que interessa é seguir. Este é o sentido. Completar o caminho.

A viagem está no fim. Ô trem bão! Logo é hora de desembarcar. O coração é a locomotiva.