Amanda Quintiliano

Pastor Arlem Silva foi condenado a 17 anos e seis meses de prisão por estelionato e poderá recorrer em liberdade. Acusado de dar golpe milionário em 14 pessoas e no projeto “Somos Amados”, ele deixará o presídio Floramar ainda nesta quinta-feira (12). O juiz da 1ª Vara Criminal, Marcelo Salgado entendeu que ele agiu de boa fé ao dar como garantia os terrenos herdados como forma de ressarcir o rombo. Ele também não tem antecedentes criminais e não se trata de um crime violento.

A audiência de instrução de julgamento ocorreu nesta quinta-feira (12) no Fórum de Divinópolis. 14 vítimas foram ouvidas, além de sete testemunhas de acusação e três de defesa. Advogados das vítimas também arrolaram cinco testemunhas, sendo que três delas aparecem na lista de vítimas.

Arlem chorou durante quase toda a audiência. Ele confessou parcialmente o crime. Admitiu ter comercializado os imóveis do “Somos Amados” indevidamente, mas afirmou que parte do dinheiro foi revertida em prol do próprio projeto.

Ele comercializou parte dos 67 lotes doados por uma mulher através de um testamento realizado por escritura pública para duas entidades, além da Somos Amados, para as Obras Assistenciais Frederico Ozanan.

Como forma de indenizar as vítimas ele ofereceu o patrimônio herdado do pai. Segundo informações apuradas pela reportagem, ele tem três imóveis, um em Crucilândia, um em Contagem e o outro em Mateus Leme. Entretanto, ainda não há um levantamento do valor dos bens. Motivo pelo qual o Ministério Público irá recorrer da decisão no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

“O Ministério não concorda com a decisão de Dr. Marcelo […] Ele confessou parcialmente. Confessou que vendeu de forma irregular, que parte do dinheiro ficou com ele, mas não detalhou o que foi feito com a parte que permaneceu […] Nos autos também não consta o valor deste bem, motivo pelo qual o Ministério Público, no caso eu, irá recorrer”, afirma o promotor, Fábio Barbiere.

Negociação

A advogada do projeto, Ellen Lima disse que levará a proposta de Arlem para a assembléia do projeto, no dia 24 de novembro. Caso concordem, cada uma das vítimas será chamada individualmente para negociar. Segundo ela, a intenção é ressarcir todas as pessoas lesadas. O inventário já foi concluído e o projeto tem autorização para comercializar os imóveis.

Antes, será feito a avaliação do patrimônio para averiguar se o valor corresponde com o rombo gerado. De acordo com levantamento do projeto, o prejuízo pode chegar a R$ 1,7 milhão, mas ele nega.