Canção é letra, arranjo e melodia. Cada uma com a sua história, sua musicalidade. Toda canção remete a um entendimento. Traz, em si, a sua verdade.
Comparar uma canção com outra nem sempre é viável. São variados os gêneros e nem toda letra se encaixa numa melodia diferente ao seu estilo. Mesmo na aparente desordem, a canção é métrica e só vai ser boa se de fato fizer sentido, ao menos para alguém.
Canções são reconfortantes, reflexivas e até mesmo excitantes. Todas, à sua maneira, induzem o sentir. Umas interiorizam sensações que revelam um íntimo sofrido; o amar de todas as formas. Outras convulsionam os corpos que parecem querer se libertar de algo e/ou interagir com uma ancestralidade primitiva ligada a batuques e gemidos.
Pessoas são como canções.
Cada uma com sua particularidade, sua intenção. Uma composição de sentir diário que por vezes possui uma letra densa para uma melodia tão pouco refinada.
Há aquelas que gostariam de ser canções clássicas e não se contentam em ser música popular, com os seus arranjos simples e diretos. Com significante valor.
Com tantas variações musicais a vida é um grande festival. Nela cabem todos os ritmos e tendências. Quem já participou entende que os festivais são tolerantes. Comportam, num mesmo palco, o que é erudito e o que é experimental.
As canções e os festivais ganham as ruas e praças. São manifestações do povo que quer expor a sua musicalidade, o seu sentir. Apesar dos estilos variados não pode e não deve haver colisão. Afinal, só há um sentido em toda canção: o sentir.
Os festivais são democráticos e as canções e nós somos essências. Cada um traz a sua verdade, que junto a outras consolidam um entendimento. Tudo se encaixa.
Num festival há uma canção vencedora, mas inúmeras outras são tidas como revelações e vão inaugurar um novo período. Proporcionando outro olhar sobre as mesmas coisas.
As nossas alegrias, tristezas e frustrações cabem numa canção. Só quem escuta com o ouvido da alma perceberá o que está sendo dito, emitido. Canção é uma forma de comunhão. Uma partilha que tomamos para nós ou que é oferecida aos outros.
Seja nos momentos de alegria ou de aflição sempre é bom fazer uma composição. Aproveitar todo este sentimento e virar canção. De preferência uma que possa ser cantada em coro.