Imagens mostram policiais em frente a cruz em chamas e gestos similares à Ku Klux Klan; especialistas em direitos humanos cobram afastamento de envolvidos e críticas apontam para cultura violenta em batalhões de elite
A Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) abriu investigação para apurar um vídeo divulgado pelo 9º Batalhão de Ações Especiais (Baep) de São José do Rio Preto, no qual policiais são gravados fazendo gestos associados a grupos defensores da supremacia branca, como a Ku Klux Klan e simbologias nazistas. As imagens, publicadas inicialmente no perfil do Instagram da unidade e removidas após repercussão, mostram agentes em frente a uma cruz em chamas, erguendo os braços na altura dos ombros – movimento historicamente ligado a rituais supremacistas.
Repercussão e nota oficial da PM
Em nota, a PM-SP afirmou que repudia qualquer manifestação de intolerância e que instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias do caso. “A corporação não compactua com desvios de conduta. Os envolvidos serão rigorosamente responsabilizados”, destacou o comunicado.
O vídeo, que incluía uma trilha sonora com sinalizadores vermelhos e a sigla do Baep ao fundo, foi classificado por especialistas como uma referência explícita a símbolos de violência racial.
Críticas de especialistas em direitos humanos
Para Ariel de Castro Alves, advogado e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, as imagens remetem a “práticas históricas de terror”, como o nazismo e a KKK. “Símbolos como esses são incompatíveis com a missão policial de proteger a sociedade e combater a discriminação”, afirmou. Alves cobrou o afastamento imediato dos envolvidos e do comandante do batalhão durante as investigações, além de intervenção do Ministério Público e da Corregedoria da PM.
O especialista também criticou a cultura de treinamento dos batalhões de elite, que, segundo ele, perpetuam cantos e práticas que incitam violência. “Os Baeps são hoje as tropas com maior envolvimento em letalidade policial em São Paulo, herdeiros de uma formação que remonta à escravidão e à ditadura militar”, destacou.
A PM-SP não informou prazos para conclusão das investigações, mas reforçou que “qualquer conduta contrária aos valores da corporação será punida”. Enquanto isso, entidades cobram transparência no processo e medidas concretas para desvincular a instituição de simbologias de ódio.
Com inforações da Agência Brasil.