Simião Castro
Cerca de 200 policiais militares de Divinópolis se juntaram em protesto hoje na frente do quartel do 23º Batalhão de Polícia Militar (PM). A mobilização é contrária ao projeto de lei da renegociação da dívida dos estados com a União.
Manifestações como esta têm se espalhado por Minas Gerais nos últimos dias porque a aprovação do projeto no Congresso pode ter efeitos na categoria. Eventual adesão do Estado pode impedir progressão de carreira dos policiais, por exemplo.
Outras consequências também devem afetar o serviço público como um todo, em razão das diversas contrapartidas incluídas no texto que está no Senado.
Cortes em repasses de transferências voluntárias para Estados e municípios e desestatização de empresas públicas fazem parte do pacote.
Conversa
Ontem (19), o governador mineiro, Fernando Pimentel (PT), se reuniu com integrantes da PM e de outras instituições policiais e militares do Estado para discutir o projeto e as implicações dele. Ao final, o secretário de Estado de Governo, Odair Cunha, declarou a posição do governo:
“Entendemos que as contrapartidas colocadas no projeto são desproporcionais, desmedidas e, ao contrário do que pretendem, que é solucionar a crise, aprofundam a crise”, disse o secretário.
Reserva
Policiais militares podem ser punidos se participarem de manifestações enquanto estão em serviço. Por isso, em Divinópolis, o protesto ficou por conta de agentes de folga, de férias e da reserva.
De acordo com o departamento de comunicação da PM na cidade, o comando da polícia apoia o movimento.
“Esse projeto vem prejudicar todos os direitos conquistados pelos policiais militares e isso traz muita insegurança para a Polícia Militar. O comando apoia, entende que são legítimas as reivindicações”, disse o tenente Marcelo Oliveira ao PORTAL.
Ele fez questão ainda de reforçar que o efetivo normal continua atuando como de costume em todos os setores e formas de atendimento. A ressalva é uma clara referência a rumores de que a PM poderia deflagrar greve.
Negativa
Ainda no fim da reunião de ontem, o secretário de Governo disse que, caso a proposta seja votada no Senado e em seguida sancionada pelo Governo federal da forma como está hoje, Pimentel não vai aderir ao programa de recuperação fiscal.