Em meio aos insanos, ter lucidez é não ter razão. Ignorantes andam aos pares e hão de conquistar o mundo. Não pelos argumentos, mas pela quantidade em que se proliferam. Profetizou o escritor.
O instantâneo da vida e sua superficialidade empurram o homem lúcido para o buraco. Do lado de fora, ficam só os loucos e suas falácias. Propagadas, disseminadas aqui e ali.
São pílulas antecipadamente prescritas a fim de manter a mente atônita. Afinal, massa cefálica sem produtividade sofre menos e quer menos. Encabrestados!
Ignorância não é a mera brutalidade do gesto. Ignorância é a pasmaceira que assombra a vida. É a ausência de argumento que movimenta o homem em direção à luz.
Dentro da caverna, toda sombra é assombração. O homem mau, que tem a luz a seu dispor, usa os dedos para intimidar os que permanecem nas trevas e de lá enxergam os monstros produzidos por outros.
Esses, manipulam e constrangem o ignorante que não se liberta com medo dos fantasmas, as projeções criadas para condicioná-lo na sua posição de inferioridade. Homens e instituições, ao longo dos séculos, manobram a luz a seu favor e subjugam os incautos. Ignorantes.
Quem pode mais, joga. Aposta e quebra a banca. Roubam doces e as almas dos que ainda não aprenderam a somar. Na sua fanfarronice, e de barriga cheia, deixam cair migalhas que são tomadas como banquetes pelos ignorantes que acreditam que foram os deuses que providenciaram o alimento a eles servido e que por este motivo, agora, devem adoração e sacrifícios.
Idolatram a besta. Não distinguem o bem do mal. É o medo que rege. Ele, o medo, paralisa o ignorante que acredita ser divino o mal que sente. Cavalo manco puxa carroça. Nas costas, o balaio e suas oferendas.
O Iluminismo é pregado por quem convém como praga. Advertem:
Ele cegará o ignorante e o levará a loucura. A ponto do ignorante querer colar asas com cera nas costas e voar. Coisa de louco.
O covarde sempre acreditará que viver no chiqueiro é melhor do que a queda livre. A despeito do ar que abre a mente e do sublime: morrer tentando.