Prefeito de Bambuí esquiva e tenta culpar sindicato por crise que levou a greve

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Por -18/06/2025, às 18H13junho 18th, 2025
prefeito de bambuí firmino
Foto: Reprodução Instragam/Prefeito Firmino

Firmino Júnior responsabiliza o Sintram por greve de servidores após abrir as portas para terceirização e barrar negociações

O prefeito de Bambuí, Firmino Júnior (Podemos), tenta transferir ao Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) a responsabilidade pela crise no serviço público municipal, que culminou na deflagração de uma greve por tempo indeterminado. A paralisação, marcada para começar na próxima terça-feira (23/6), é resultado da política adotada pelo próprio prefeito, que extinguiu cargos efetivos e abriu caminho para terceirizações em massa.

Durante vídeo publicado nas redes sociais, Firmino Júnior acusou o Sintram de atrapalhar o diálogo com os servidores e impedi-los de negociar com o Executivo. No entanto, a realidade é outra, conforme o sindicato. O prefeito convocou servidores para uma reunião, mas proibiu a participação do sindicato, barrando inclusive o presidente do Sintram, Marco Aurélio Gomes, aos gritos na porta da Prefeitura.

Diante da tentativa de negociação sem o representante legal da categoria, os servidores rejeitaram a proposta do prefeito, que agora tenta se eximir da responsabilidade pelo colapso iminente dos serviços públicos.

“O objetivo claro do prefeito é coagir e intimidar os servidores, o que só é possível sem o sindicato representante da categoria presente nas negociações, mas isso não vai acontecer”, declara a secretária geral do Sintram, Lucilândia Monteiro.

Além disso, o sindicato rebateu a afirmação de que seria uma entidade “de fora”. Conforme carta sindical emitida pelo Ministério do Trabalho, o Sintram representa servidores de mais de 30 cidades da região, incluindo Bambuí.

“O Sintram sempre defendeu o diálogo na solução de conflitos dessa natureza, entretanto, o prefeito de Bambui tentou intimidar os servidores e queria uma reunião sem o sindicato. Ora, o prefeito deve ter o mínimo de inteligência para entender que sem o sindicato não há negociação”, declarou.

Greve em Bambuí: sem acordo com o prefeito

A crise se agravou após a aprovação relâmpago de dois projetos na Câmara Municipal. Um trata-se do PL Complementar 02/2025, que extinguiu 20 cargos com 150 vagas. O outro é o PL 021/2025, que autorizou a contratação por meio de organizações sociais, sob regime CLT. A medida representa um desmonte da estrutura pública, reduzindo o número de servidores concursados e afetando diretamente o Instituto de Previdência dos Servidores (Previbam).

Para Marco Aurélio, o prefeito tenta reescrever os fatos. “Mentir para a sociedade que a terceirização dos serviços é necessária não vai muito longe, pois ainda está muito fresco na memória do povo de Bambui os problemas que a cidade enfrentou no início do ano com a terceirização de serviços para uma empresa privada, a Franpav. A empresa deu o calote. Deixou a conta que a Prefeitura foi obrigada a pagar e o cidadão enfrentou dias terríveis sem serviços básicos, como limpeza urbana, por exemplo. Imagine a metade do serviço público nas mãos de organizações sociais?”, questionou o presidente.

Em vídeo, o Firmino alega que a prefeitura não consegue realizar um concurso público imediato para preencher vagas em serviços essenciais. Dia ainda que a contratação de Organização Social (OS) é mais segura que o modelo adotado em gestões anteriores, pois garante direitos aos trabalhadores.

A greve por tempo indeterminado segue confirmada para a próxima semana, e ações judiciais já estão em análise para garantir o direito dos servidores.