Amanda Quintiliano

 

Reunião realizada com os professores para mobilização dos alunos (Foto: Sintram/Divulgação)

Reunião realizada com os professores para mobilização dos alunos (Foto: Sintram/Divulgação)

A Secretaria de Educação voltou atrás e determinou o fechamento de três unidades do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), em Divinópolis. Pela decisão, a partir deste ano, os alunos serão divididos entre os polos do bairro Davanuze e Santa Clara. A alegação é a redução de inscritos. Este ano foram 261, contra quase 600 no início do ano passado. Mas, a justificativa é contestada por professores.

 

Na contramão dos anos anteriores, as inscrições foram abertas em dezembro e janeiro, quando há baixa demanda. O professor do EJA, Cláudio Guadalupe disse que habitualmente a procura é maior no final de fevereiro, início de março, quando já passou o tumulto das festas de final de ano e férias. Para ele, a mudança no período de matrícula foi estratégica.

 

“Todos os anos temos uma média de 600 alunos matriculados, mas como a secretaria tem o desejo de unificação, inclusive já havia sido proposto no final de 2013, eles colocaram as matrículas em um período de pouca procura e justificaram a junção por pouca demanda”, afirma.

 

A primeira ameaça de unificação das turmas foi no final do ano quando os professores recorreram ao Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) para tentarem barrar a medida. Uma comissão, na época, foi recebida pelo prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) que se comprometeu em manter os cinco polos abertos: Bela Vista, Niterói, Centro, Santa Clara e Davanuze.

 

“A escola do Bela Vista atendia mais de doze grandes bairros da região. Com a unificação, as pessoas poderão ficar no ônibus mais de 40 minutos para irem ou voltarem do Cetepe [Santa Clara]. Para pessoas que trabalham o dia todo, é muito pesado”, completa Guadalupe.

 

Interferência

 

Mais uma vez os profissionais pediram a interferência do Sindicato. Uma reunião foi marcada para a próxima terça-feira (28), às 18h, na sede do Sintram, para discutirem com os alunos e professores quais medidas serão tomadas.

 

“Não se trata de o aluno ter boa vontade de se deslocar de casa para a escola ou não. Trata-se de assegurar um direito a este trabalhador, que é estudar, entendendo que, em função de sua condição socioeconômica, foi obrigado a abandonar os estudos de forma precoce”, ressalta o vice-presidente do Sintram, Eduardo Parreira.

 

“Quando é de interesse de quem detém o poder, a lei é aplicada. Quando não lhes convém, ele simplesmente é ignorada”.

 

Secretaria

 

O secretário de Educação, João Renato Souza Cintra contradiz os números e diz que o EJA encerrou o ano passado com 375 alunos. “Diante desta frequência a gente apresentou o projeto de otimização dos espaços para o prefeito. Mas, ele só autorizou o fechamento das unidades perante um estudo e após a ampla divulgação de inscrições para este ano”, conta o secretário.

 

“Tivemos 263 inscritos e não faz sentido manter cinco polos abertos para atender a essa demanda”, enfatizou.

 

A proposta inicial era concentrar todas as turmas no Bairro Santa Clara. O polo do Davanuze só foi mantido devido às linhas de ônibus. Cada aluno precisaria pegar dois ônibus para assistir as aulas e não teria nenhum para retornar para a casa. Para os demais estudantes serão fornecidos vale-transporte para irem até a unidade inscrita.

 

Já os professores serão direcionados para as demais escolas de ensino fundamental. “Cada um poderá escolher para onde vai querer ir. Não temos professores do EJA, temos professores municipais. Já os contratados, os contratos terminaram no final do ano passado e não serão renovados”, explica Cintra.

 

O secretário ainda disse que caso a demanda aumente com o decorrer do ano a Secretaria irá estudar a possibilidade de ampliar as unidades. Também foram fechadas o polo de Santo Antônio dos Campos (Ermida) e os das comunidades rurais do Choro e de Buritis.