Warley Henrique motorista de aplicativo

O agressor foi preso em flagrante; Ele também cuspiu no homem que estava trabalhando

Um homem, de 34 anos, foi preso por injúria racial contra um motorista de aplicativo, de 28 anos, em Divinópolis (MG). O caso aconteceu na noite de domingo (2/4).

De acordo com Warley Henrique Gonçalves, o agressor solicitou a corrida para uma terceira pessoa. O passageiro embarcou no bairro Halim Souki e desembarcou no Sidil, onde era esperado pelo solicitante para efetuar o pagamento.

Lá, o homem demorou cerca de 10 minutos para conseguir efetuar o PIX. Para ajuda-lo, o motorista precisou descer o carro e levar a plaquinha com o QR code até ele.

Após o pagamento, de R$ 15,49 ser efetuado, o solicitante da corrida entrou no carro e começou a ofender o motorista.

“Ele começou a deferir xingamentos contra a minha pessoa, falando preto é isso, preto é assim mesmo, preto é aquilo. Ele cuspiu em mim, mas não me acertou”, relembra Warley, que disse que ele parecia estar “um pouco embriagado”.

Irritado com o solicitante da corrida, ele desceu do carro. Já o homem entrou no prédio onde mora.

A cena foi presenciada por vizinhos que, em apoio a Warley, o orientou a acionar a Polícia Militar (PM). A ocorrência foi registrada. O homem preso em flagrante. “Vizinhos abriram o portão do prédio para os policiais entrarem”, conta.

O agressor foi levado para a delegacia. O motorista também foi até o local onde foi ouvido na Polícia Civil. Vizinhos que testemunharam o ocorrido também prestaram depoimento.

“Ofensas”

Trabalhando há um ano na profissão, Warley disse que essa foi a primeira vez que foi vítima de injúria racial. Afirmou que se sentiu constrangido.

“Como pessoa negra, me senti ofendida, lesada. A gente vive em um dos países com o maior número de negros fora da África e isso não deveria acontecer mais, isso é uma situação que não deveria existir mais na sociedade. Mas, infelizmente existe uma minoria, poucas pessoas, que tem essa conduta de vida e o pensamento de que uma raça pode ser superior a outra”, desabafou.

Ele lamentou o fato ter ocorrido enquanto trabalhava.

“Estava trabalhando, domingo a noite. Tirando meu sustento e passar por uma situação dessa é constrangedor, humilhante, ainda mais em público”.

Divergência de valores

De acordo com o boletim de ocorrência, o homem alegou que a discussão foi motivada por divergência de valores e negou que tivesse o ofendido.

Já o passageiro, segundo o motorista, não esboçou nenhuma reação, apenas entrou para o prédio onde mora o agressor.