Amanda Quintiliano
Os rumores de fechamento da nefrologia do Hospital São João de Deus (HSJD) têm deixado os pacientes apreensivos. A insegurança aumentou com o enviou da notificação dispensando os seis médicos na sexta-feira passada. Esta semana, em entrevista ao PORTAL, o promotor Sérgio Gildin descartou os riscos de fechamento do setor.
Gildin disse que a Dictum – empresa interventora do hospital – tem carta branca para renegociar os contratos. A proposta é adotar um novo modelo. Ao invés da clínica Nefromed receber um valor fixo por mês, ela receberia por procedimento. A medida é para equilibrar o caixa do hospital e foi adotada com outras especialidades.
A carta dispensando os profissionais só foi encaminhada após um período de negociação. De acordo com a Assessoria de Comunicação, a clínica não respondeu o ofício informando se aceitaria ou não as novas condições. O promotor afirmou que para a interventora decidir em dispensar os médicos uma alternativa para evitar o fechamento da nefrologia já existe.
“Eles deram 30 dias para os médicos deixarem o hospital. Acredito que nesses 30 dias haverá, se necessário, a contratação de uma nova clínica e médicos”, disse.
Demissão
O diretor da Nefromed, Dr. Edson Vasconcelos disse que os médicos irão manter o atendimento até o dia 27 deste mês cumprindo uma recomendação do Ministério Público. Afirmou ainda que os profissionais estão dispostos a retomar as negociações desde que seja encaminhada uma carta convocatória marcando dia, horário e com a presença de outros setores.
Vasconcelos também ponderou que os médicos não se negaram a aceitar o contrato e que o valor já estava pré-definido quando receberam uma carta com um novo montante. Ao encaminharem um ofício pedindo a revisão financeira, a superintendência enviou a carta de demissão. Ainda segundo o diretor da clínica, o valor negociado, inicialmente, não ficaria fora da linha paga atualmente.
“Há dois anos o hospital tem um débito conosco de 45% do valor do contrato mensalmente, então considerando que já não recebemos a totalidade, iriamos receber mais ou menos o valor de hoje. Mas, a superintendência simplesmente alterou o que já havia sido, até mesmo, conversado com o Áriston”, comentou.
Em uma carta encaminhada aos diretores de clínicas do São João de Deus, Vasconcelos classificou as demissões como “decisão unilateral e arbitrária”. Ainda disse que a medida pode ser “catastrófica”.
Negociações
Já a superintendência do hospital informou que o contrato foi cancelado porque a clínica não concordou com a nova metodologia e que as negociações ainda estão abertas. Ainda foi assegurada a contratação de novos especialistas, caso não cheguem a um novo acordo. A superintendência ainda afirmou que não haverá desassistência.
Atualmente 225 pacientes fazem tratamento na clínica, sendo 194 por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e 31 entre conveniados e particulares.