Dia desses estava na academia e notei numa adolescente uma pulseira preta de borracha, que continha alguns dizeres. Este mesmo tipo de pulseira já havia visto sendo usado por outras pessoas e, curioso, perguntei:

– Qual o significado desta pulseira, moça?

rodrigo (1)

A adolescente me disse que era uma espécie de jogo, e quem utiliza a pulseira não pode reclamar absolutamente de nada por um período de 21 dias. Durante este tempo, se ocorrer algum reclame deve se recomeçar do zero, ou seja, se uma pessoa que ficou 20 dias sem reclamar e na última hora reclama, deve começar tudo de novo e serão necessários mais 21 dias, no mínimo, para concluir o desafio da pulseira.

Dei um sorriso, agradeci a moça pela explicação e fiquei pensando comigo a respeito: Tarefa difícil essa. Quem consegue ficar duas semanas sem reclamar de nada? Duvido que alguém consiga.

Depois de alguns segundos fazendo essa reflexão, percebi que antes de cogitar a possibilidade de participar desse jogo já estava reclamando dele. Julgando-o não por ser desnecessário ou chato, mas por ser – pelo menos para mim – inatingível.

Pois é, sou um sujeito comum e como a maioria de nós as pequenas coisas do dia-a-dia, por mais bobas que pareçam, podem causar stress e, com frequência, são motivo de algum tipo de reclamação.

Basta uma fechada no trânsito, um minuto a mais na fila do banco, um pneu furado, um café na roupa, entre outras coisas, para o humor mudar e a reclamação se fazer presente.

Talvez esse desafio da pulseira que rola por aí tenha este sentido: de abrandar as reclamações diárias e fazer notar o que é de fato problema e merece uma atenção maior. Pequenos dissabores acontecem a todo momento e chateiam, mas deveriam ficar por aí. Eles não deveriam ter o poder de nos mudar. Nos por à prova.

Afinal, não são poucos os relatos nesta sociedade dita moderna e civilizada em que um cidadão tira a vida de outro por motivo fútil. Radical, né?! Mas isso acontece. Neste contexto o tal joguinho da pulseira é mais uma muleta, entre tantas outras, que existe para lembrar que é necessário respirar. Ter um minuto a mais que evite o transbordar da paciência.

Confesso que, assim como outras milhares de pessoas, não conseguiria ficar 15 minutos neste jogo sem ter que reiniciá-lo do zero. Mas a graça desse jogo pode estar exatamente aí, ou seja, ter consciência da limitação e tentar. A cada tentativa o exercício é diferente e é dada a possibilidade de aprender algo novo sobre si.

Duvida? Pois bem. Te desafio a ficar não 21 dias, mas 21 minutos sem reclamar de nada, nada mesmo. Veja até onde é possível ir e detecte o que incomoda.

Não vale ludibriar. Eu, de fato, não estarei vendo. Mas a sua consciência sim.

Tente.