Rodrigo Dias

Diz o dito popular que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Determinadas pessoas aturam tudo, menos quando levam algum tipo de prejuízo monetário. Quando o outro ou o governo mexem no seu bolso, o indivíduo logo se assanha e bota a boca no mundo.

Só que na prática nem sempre é assim que funciona, principalmente quando está em jogo o dinheiro público. Boa parte de nós, de tanto ver a bandalheira com o dinheiro público, lamentavelmente se acostumou com a roubalheira. Todo mundo sabe que há, mas nem nós e tampouco as instituições de Justiça e de polícia fazem um esforço maior para radicalizar com esta situação e por os ladrões, de toda ordem, na cadeia e confiscar seus bens para restituir o que foi lesado do erário público.

No continente norte americano, ao que parece, as regras de punição para quem burla o fisco e sonega dinheiro são mais exemplares. Tanto é verdade, como já é de conhecimento público alguns barões da Fifa estão detidos na Suíça, e vão mesmo pagar pena nos Estados Unidos e devolver o que devem, em dinheiro, para aquela nação.

Por aqui, CPIs envolvendo o futebol nunca foram muito longe em suas apurações em nosso parlamento. E só agora, com a ação do FBI, é que a Polícia Federal anuncia uma investigação em torno do todo poderoso Ricardo Teixeira, que durante anos comandou o futebol na CBF, e todos já imaginavam que sua gestão foi fraudulenta. Movimentando milhões.

Num desses programas de esporte na TV ouvi uma colocação oportuna de um apresentador:

– Se a operação que prendeu os dirigentes da Fifa fosse realizada no Brasil, antes de eles chegarem à cadeia já teria lá um batalhão de renomados advogados com habeas corpus exigindo a soltura destes senhores.

De fato, sou obrigado a concordar com a colocação do apresentador. Aqui as coisas não andam como deveriam. E até mesmo os contraventores da moralidade e da ordem pública gozam de privilégios obtidos de forma escusa.

Temos, sim, uma grande rede de proteção. Envolvendo política, mídia e ídolos fabricados que sustentam essa organização criminosa. Todos, em menor ou maior intensidade, se beneficiam desse esquema.

Ele, o esquema, de tão perverso feriu a maior paixão do brasileiro quando o assunto é entretenimento barato e de massa: o futebol. O nosso desempenho dentro de campo reflete, com certeza, o que ocorre fora do gramado.

Boa parte dos clubes está falida. Situação que não é só causa de má gestão, mas também da má intenção.

Por aqui, seja no futebol ou na política, faltam compromisso e profissionalismo. É uma pelada danada. Minto, existem peladinhas mais organizadas que o nosso futebol. Nelas a bola tem dono.