Douglas Fernandes

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Foto: Divulgação

As operadoras de telefonia celular caminham para uma mudança na prestação de seus serviços que irá gerar um impacto significativo para o surgimento de um novo modelo de negócio na área da comunicação. Com as inovações de celulares e smartphones, aliado ao acesso móvel à internet, o uso dos serviços de telefonia (ligações e mensagens) começou a cair em desuso, substituído por recursos como Whatsapp, Facebook, Viber, Telegram e tantas outras redes sociais. Não tardou para que as grandes operadoras percebessem que para sobreviver, elas precisavam ganhar dinheiro de outra maneira.

E para tanto, decidiram que a partir de novembro, o acesso à internet móvel será cortada após o uso da franquia contratada, cabendo ao usuário optar por adquirir novos pacotes para se manter conectado à rede. Atualmente, as operadoras oferecem uma conexão com velocidade reduzida para o usuário que atingir a franquia de internet contratada. A justificativa dada pela Vivo, que deu início a essa mudança, seguida pela Oi e ao que parece, também pela Claro e pela Tim, é que o usuário deve ter uma experiência real da internet em alta velocidade, assim como já acontece em outros países. Essa decisão causou um certo alvoroço entre os usuários, repercutindo em sites especializados em tecnologia e comunicação, como IDGNOW, Olhar Digital, TechTudo, G1 e Uol.

Entretanto, essa argumentação revela uma realidade que diz respeito ao mercado da comunicação como um todo. Um exemplo para entender melhor, é o que acontece com empresas que lidam com informação, como jornais impressos. A notícia, hoje, é uma mercadoria que é oferecida gratuitamente na internet. A notícia já não é mais o carro chefe para arrecadação de recursos. Na verdade, ela seria um agregador. A fonte de renda passa a ser outro ramo, ou modelo de negócio, como anúncios ou algum tipo de prestação de serviço.

Na telefonia móvel, a situação está mudando também, com a oferta de ligações e mensagens sendo agregadas ao carro chefe, que passa a ser a oferta de pacotes para internet móvel. Mas o que me assombra é que hoje, em uma época em que se manter conectado se transformou quase que uma obrigação social, as operadoras parecem não entender muito bem a realidade e em lugar de manter um acesso ilimitado (ainda que reduzido), preferem cortar a conexão e obrigar o cliente a gastar.

Ora, qualquer um concorda que ter internet com boa velocidade é o ideal. Mas caso não seja possível, principalmente por questões financeiras, seria preferível manter uma conexão pior do que conexão nenhuma. Se o nosso quarteto tupiniquim de operadoras vê o cliente como uma peça tão importante quanto alega, porque não manter as duas alternativas? Quem quiser pagar pelo extra na franquia e manter a velocidade alta, que o faça. Quem não quiser, que continue com baixa velocidade (que, diga-se de passagem, é o suficiente para manter contato por meio das redes sociais).

Vivemos um período em que as mudanças são rápidas e, por vezes, radicais. E quando elas ocorrem, o melhor é se adequar do que resistir. Tanto é que já existem projetos em várias partes do país (alguns já em execução), que oferecem internet gratuita em locais públicos. Por que então as operadoras não percebem esse comportamento e em lugar de tentar silenciar o Whatsapp, não adotam posturas mais visionárias e menos capitalistas? O Google é um bom exemplo disso, valorizando sua marca não por cobrança em seus serviços, mas sim por oferecer excelentes serviços gratuitamente.

Ainda é cedo para afirmar o que será do futuro, mas essas mudanças já apontam que a comunicação não será a mesma do último século, a última década ou até mesmo do ano passado. Quem sabe não teremos ligações ilimitadas para qualquer celular, de acordo com a franquia de internet móvel contratada? Bom, enquanto esse sonho não se torna realidade, ao que parece o ditado “Em terra de Whatsapp, ligação é prova de amor” se mostra cada vez mais verdadeiro.