“Não tive febre e não precisei de suporte respiratório. Após dez dias de internação, recebi alta. Tive muita sorte”, afirma Maria da Conceição
Minas Gerais registra 5.995 casos confirmados de covid-19, até esta sexta-feira (22/5), segundo boletim da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Felizmente há, também, milhares de pacientes já recuperados da doença.
Sem dúvida, há inúmeros desafios para a assistência de Saúde e toda a sociedade em lidar com um novo vírus, cuja doença pode evoluir de forma grave.
A diretora assistencial da Fhemig, Lucinéia Maria de Queiroz Carvalhais, afirma que as unidades hospitalares da fundação estão completamente alinhadas às necessidades do SUS no estado. Especialmente neste momento de pandemia, com o Plano de Capacidade Plena Hospitalar, que norteia as ações assistenciais e propõe o acionamento das unidades de acordo com o avanço da covid-19 em Minas.
“Nós temos hospitais de potência macrorregional, que possuem a missão, a responsabilidade e a vocação de serem responsivos às demandas do SUS e às necessidades que ultrapassam a dos municípios onde estamos instalados. E estamos conseguindo, nas regiões das nossas áreas de abrangência, cumprir nosso papel com rapidez, qualidade e velocidade”, detalha Lucinéia.
Muitos casos têm tido bons desfechos. A seguir, pacientes que receberam tratamento em unidades da Fhemig e se recuperaram da covid-19 relatam a experiência de vencer a doença.
Sintomas leves
Com queixas de cansaço e dor de cabeça, a enfermeira aposentada Maria da Conceição Apolinário, de 60 anos, foi admitida, no início de abril, no Hospital Júlia Kubitschek (HJK), em Belo Horizonte. A suspeita era dengue, após um exame de sangue apontar baixa de plaquetas. Depois de dois dias, foi submetida ao teste para covid-19 e o resultado deu positivo.
“Foi um susto. Não imagino como possa ter me contaminado. Estava saindo o mínimo possível de casa, tendo contato apenas com familiares”, relata.
A aposentada foi transferida para o Hospital Eduardo de Menezes (HEM), referência estadual no tratamento da covid-19.
A unidade, que recebeu o primeiro caso suspeito em 21 de janeiro, desde então vem se preparando para o enfrentamento à pandemia. Até o dia 20/5, o HEM já havia atendido 516 pacientes com suspeita da doença, dos quais 211 já tiveram alta e 103 receberam tratamento ambulatorial. Entre os 42 casos confirmados até essa data, 23 deles já estão recuperados da doença.
Apesar de ser portadora de bronquite crônica, Maria da Conceição teve uma boa evolução do quadro.
“Não tive febre e não precisei de suporte respiratório. Após dez dias de internação, recebi alta. Tive muita sorte”, diz. “Eu, provavelmente, contraí o vírus de alguém assintomático. Por isso é tão importante que, quem puder, fique em casa e evite transmitir ou se contaminar”, completa.
Primeiro caso no HRAD
Em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, o caminhoneiro Edvar Luiz Ferreira, de 53 anos, enfrentou uma verdadeira batalha pela vida durante os 19 dias de internação no Hospital Regional Antônio Dias (HRAD).
No início de abril, ao retornar de uma viagem à Belém (Pará), apresentou o início de um quadro gripal. Alguns dias depois, veio a febre e a tosse. Procurou a UPA uma semana depois do início dos sintomas, quando os exames já apontavam uma pneumonia grau 2.
“Ele entrou para a consulta e não o vi mais”, conta a filha, Fernanda de Melo Ferreira.
No dia seguinte, o caminhoneiro precisou ser entubado e foi transferido para o HRAD. Edvar foi o primeiro paciente com covid-19 recebido pela unidade. Até o dia 15/5, o hospital recebeu 20 casos suspeitos e cinco confirmados (quatro foram curados e um está em tratamento).
Edvar passou duas semanas respirando por aparelhos e enfrentou momentos delicados.
“No segundo dia de internação, os médicos chegaram a falar que o estado dele era muito grave e pediram que eu rezasse muito”, conta Fernanda.
Ela afirma que a assistência dada ao pai e à família foram essenciais para enfrentar a situação.
“O atendimento do HRAD foi muito bom. Tanto o médico quanto o psicólogo me ligavam todos os dias para dar notícias. Meu pai acordou do coma no dia 27 de abril, um dia antes do aniversário dele. Um enfermeiro se dispôs a receber, no próprio celular, um vídeo da nossa família, que foi mostrado ao meu pai. Esse acolhimento e carinho foram muito importantes para a recuperação dele. A saúde pública está de parabéns”, enfatiza.
O caminhoneiro recebeu alta no dia 5/5 e se recupera em casa.
Assistência qualificada e humanizada
Juiz de Fora, na Zona da Mata, é o segundo município mineiro com mais registros de covid-19, atrás apenas da capital. O Hospital Regional João Penido (HRJP) é referência para o tratamento da doença na região e, até o dia 20/5, já havia atendido 158 pacientes – entre suspeitos e confirmados.
A aposentada Tânia Maria Dias Mendes, 64 anos, foi um desses casos. Ela começou a apresentar sintomas da covid-19 alguns dias após retornar de viagem ao Amapá, em meados de março. Foi transferida para o HRJP no dia 30, já em estado grave, com quadro de sepse. Enfrentou 39 dias de internação, sendo 28 dias no CTI. Recebeu alta no dia 6/5.
De acordo com o estudante Daniel Augusto Mendes Moura – filho de Tânia – hoje ela está voltando a andar e, aos poucos, recupera sua autonomia. Ele se mostra grato aos cuidados da equipe do hospital dedicados à mãe.
“O atendimento no HRJP foi muito bom, só tenho elogios: enfermagem, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, pessoal da limpeza e da cozinha. Fomos muito bem atendidos por todos”, conta.
Quem também tece elogios à equipe do João Penido é a atendente Blandina da Silva. A mãe dela, Bárbara Jocilene Ferreira, de 63 anos, ficou internada 35 dias no hospital, sendo 15 na UTI. O quadro era bastante preocupante, pois apresentava comorbidades como diabetes, hipertensão e doença cardiovascular. Durante a internação, Bárbara chegou a apresentar insuficiência renal e precisou fazer algumas sessões de hemodiálise.
“Foi muito difícil não poder acompanhar de perto a internação da minha mãe e depender de notícias por telefone da equipe médica. Mas foram todos muito profissionais e atenciosos, sempre repassando todas as informações sobre o estado de saúde dela, sem deixar qualquer dúvida. Sentíamos que, realmente, estavam lá por nós”, relata Blandina.
Bárbara recebeu alta no dia 6/5 e ainda se recupera em casa. Sobre a experiência vivida com a doença da mãe, Blandina reforça que é importante manter a tranquilidade, na medida do possível. “A situação é complicada. Busquei confiar em Deus e nos profissionais de saúde para não me desesperar. Nunca tinha me visto numa situação como essa. A gente pensa que realmente vai perder a pessoa. Tê-la aqui conosco, curada, é uma felicidade muito grande”.