A intolerância é um mal que desencadeia outros tantos. A intolerância tira do homem o que lhe é mais genuíno: a humanidade. Quando ela se vai, se vão também os valores e o amor em si e no próximo.

 

 

rodrigo (1)

A intolerância não é um fenômeno moderno. Ela persegue o ser humano ao longo da sua evolução nos milênios e séculos vividos aqui na Terra. A diferença é que a evolução sugere a capacidade de raciocínio e, portanto, de juízo de valores em saber o que é certo ou não.

Mesmo tendo a sua disposição o poder do bom juízo, obtido com o aprendizado na evolução, nós invocamos o nosso lado mais irracional e é aí que a intolerância se manifesta.

Ela, como já é rotineiro, é capaz de motivar atos de extrema violência por não entender o outro na sua diferença ou opção. O que é divergente, portanto, é passível de ser exterminado. E isso, por si só, vem legitimando as barbáries que assistimos em nome de quem ou do que seja lá o que for.

A intolerância vem também em pequenas medidas, que por vezes passam despercebidas e entram no cotidiano como algo “normal”. A indiferença é uma delas, e está relacionada à falta de sensibilidade com a dor do outro; e o que não compadece… não nos faz sentido.

Se não faz sentido, não tem importância e por esta razão merece ser eliminado do cenário social ou viver à margem dele, sem nos causar perturbação. A segregação social, em seus vários níveis, é a nossa intolerância sendo manifestada.

Daí, vale matar criança bandida em nome da lei. Estuprar uma garota periguete pela sua questão de vulnerabilidade, entre outros tantos atos. A segregação social é a nossa própria degradação. Não tem como ser diferente porque estamos inseridos nela.

Discutir a intolerância em todos os seus níveis não é reduzir a questão ao mero acesso à informação ou à educação. Discutir a intolerância e o preconceito -que a alimenta – é o mesmo que discutir nossos valores.

É ver em que bases o indivíduo, a família e a sociedade como um todo vêm sendo formados. A intolerância e o preconceito não respeitam fronteiras, classes e nível social, e por ser assim é uma discussão global que afeta a todos.

Medidas ostensivas são paliativas e não curam esse mal, que só pode ser remediado com muita conversa e mudanças de atitudes que estimulem a tolerância.

Esta, ao que parece, é a palavra da redenção da humanidade para os próximos séculos.

Evolução não é o simples crescimento “espacial”. É, sim, o crescimento interior que permite, ao menos, compreender e respeitar o que for diferente a nós.