Amanda Quintiliano
O candidato do PT a governo de Minas, Fernando Pimentel aproveitou as obras de construções de hospitais espalhadas pelo Estado para utiliza-las como munição contra o adversário Pimenta da Veiga (PSDB). Na última terça-feira (22), ele disse que o próximo governador vai herdar “obras inacabadas”.
Pelo estado oito hospitais estão sendo construídos segundo o candidato. Dentre eles está a unidade regional de Divinópolis.
Construção
Na cidade a obra começou em 2010 e a previsão era de ela ser inaugurada em 2012. Mesmo com engenheiros e operários chutando, três anos, no mínimo, para a conclusão, autoridades insistiram nos dois anos. Dois anos após a data prevista para entrega do hospital, 30% da obra ainda não foi concluída. Número não muito diferente de há um ano quando foi anunciado um convênio de pouco mais de R$ 42 milhões.
Na época, o então secretário Dárcio Abud, havia dito que 70% já estava concluído. Um ano depois, o índice não alterou. Isso porque apesar do anúncio de recursos o dinheiro é repassado de migalha em migalha. Um levantamento feito pela reportagem apontou que o governo estadual tem passado, em média, R$ 3 milhões a cada três meses para a empresa Marco XX. De julho do ano passado até este mês a empresa recebeu cerca de R$ 11 milhões.
Com os repasses minguados a empresa tem feito corpo mole, já que ela fica três meses em ver nenhum centavo, o que leva a atrasos de pagamentos dos operários e também de fornecedores. O PORTAL conversou com algumas pessoas da empresa, que preferiram não serem identificadas, que alegaram não terem condições de acelerar a obra sem recursos. Ainda segundo eles, com a média de milhão em milhão, o hospital não ficará pronto em menos de três meses. Se o dinheiro for liberado mais rápido, o tempo mínimo será de um ano.
Até o momento, conforme relatos, não houve paralisação total da obra, mas alguns operários foram demitidos.
Licitação
Esse não é único agravante. O valor do contrato da Marco XX já foi extrapolado. Ao todo, com os aditivos, a construtora
vai embolsar R$ 60 milhões. Entretanto, em valores, serão necessários mais de R$ 20 milhões. Sem poder fazer mais nenhum aditivo, outro processo licitatório deverá ser realizado. Pode ser que a empresa vença ou que o serviço seja concluído por outra.
Ainda segundo levantamento do PORTAL, já foi determinado à empresa e aos técnicos da prefeitura que verifiquem o que poderá ser deixado para essa segunda etapa. Inicialmente fala-se em equipamentos com custos mais elevados, por exemplo, ar condicionado e geradores. Nesta lista de equipamentos não estão incluídos os hospitalares, como macas, aparelhos de exames, etc.
Após a conclusão física, ainda haverá outros impasses, como arrecadar recursos para equipar a unidade e também definir a gestão e custeio. Só para os aparelhos serão necessário mais R$ 40 milhões.
O hospital terá capacidade para até 500 leitos, mas serão liberados, a partir do início do funcionamento, 210. Deste total, 30 serão para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) adulto e 15 para o neonatal. Será atendida uma população estimada de 1,3 milhão habitantes de 55 municípios da região, contando Divinópolis.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura, mas até o fechamento desta matéria não recebemos nenhuma resposta aos questionamentos enviados via e-mail. A reportagem também tentou contato com a assessoria de comunicação do governo estadual, mas não obteve nenhum retorno dentro do prazo.