Bom, os últimos dias não têm sido fáceis. As notícias não são as melhores e vertem para tragédias e desmandos de toda ordem. Acontecem logo no fim do ano, época em que a maioria de nós quer desacelerar, curtir as festas de fim de ano e se preparar para as férias.
É necessário, sim, ficar atento, guardar o luto e se indignar. Mas é importante também se dar um tempo e respirar. Se refazer de um ano agitado, combalido e de crise.
Com o carro em movimento, o melhor é abrir a janela e sentir o vento na cara, enquanto a viagem chega ao fim. Se as turbulências não foram vencidas em sua plenitude, ao menos sobrevivemos a elas e chegamos ao fim do ano. Cansados, mas chegamos.
Então, só para variar, que venham as boas notícias. Venha também aquela expectativa tola de que o ano que vem será melhor. Esse ânimo revigora. Bora traçar novos planos, mesmo que esses não se sustentem ao primeiro trimestre de 2017. Desejar e acreditar são importantes para renovar as esperanças e tentar fazer diferente.
Com tantos problemas, o Brasil é um mundo de expiações e desafios. As nossas mazelas, e as que somos submetidos em função da vontade de outros, nos chamam à prova. Somos desafiados a ter um bom emprego, um bom relacionamento afetivo e social. Isso, em boa parte das vezes, sem ter grana, paciência ou vontade para cumprir tais desafios.
A despeito de tudo isso, é necessário renovar. Ter expectativa de que no próximo ciclo as coisas serão bem diferentes. E a melhor forma de começar diferente é avaliar o que foi dissabor neste ano e por qual motivo. A partir daí é possível tentar fazer coisas novas e não incorrer nas mesmas armadilhas que nos fizeram mal até aqui.
Obviamente, existem os fatores externos – os alheios à nossa vontade – que nos fizeram um ano ruim. Neste caso, paciência e resignação foram as palavras exercitadas este ano e para 2017: fé. Acreditar que a maré vai mudar e o vento vai voltar a tocar a vela do barco com constância e a nosso favor, acalenta e dá coragem.
Até tudo isso se consolidar, respire. O que está feito está feito. Agora é hora de encontrar o mínimo de paz. O equilíbrio é vital para começar um novo ciclo. Ele permite ver com mais clareza as coisas e torna mais assertivas as decisões.
Então, vale tirar férias de si e dos problemas. Dar um tempo e se refrigerar. Não levar tudo tão a sério neste momento não é descaso, mas estratégia. Os problemas não vão sumir, mas de repente a gente se reencontra neste interstício. Somos craques em desatar nós e as mãos calejadas de tanto esforço merecem um descanso.
Talvez o ano que vem nem seja tão diferente assim e os desafios permanecerão os mesmos, podendo, até mesmo, piorar.
Neste caso o que faz a diferença é o ânimo em enfrentá-los. Mais uma justificativa para respirar. Pôr a cabeça para fora d’água, ver o céu e o sol. Se motivar, retomar o oxigênio e mergulhar mais uma vez… Num mar de incertezas, mas que também contém sua beleza.