Cidade perdeu 5 mil vagas durante a pandemia da Covid-19; Presidente do Sindinova relata dificuldade nas recontratações

Município polo do setor calçadista, no Centro-Oeste de Minas, Nova Serrana obteve uma perda de cerca de 5 mil empregos durante a pandemia da COVID-19. Cinco meses depois, a normalidade, em relação às contratações, começa a caminhar com passos largos, em meio ao atual cenário que envolve a saúde e economia.

Após a reabertura do comércio, em maio e a retomada de contratações das empresas, iniciada em julho, a perspectiva é de uma recuperação destas vagas no mercado de trabalho, segundo o presidente do Sindicato intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Lacerda. 

Ao PORTAL, ele descreveu que, com a volta do funcionamento das lojas e das fábricas na cidade, as admissões estão também começando a retornar. Entretanto, a diminuição de mão de obra tem dificultado a acelerar o processo, o que deve ser resolvido no decorrer dos próximos meses, com ajustes.

“Agora as fábricas estão retomando, voltando a contratar estes empregados que estão necessitando no momento, mas acontece que muitos destes demitidos voltaram para a sua terra natal. Uma grande parte é do norte de Minas, uma outra é da Bahia, por exemplo. Quando todos precisam de alguma coisa, ao mesmo tempo, aí é necessário um tempo para ajustar a demanda. Então, como todas as lojas abriram, as fábricas receberam pedidos e elas, ao mesmo tempo, estão contratando. Portanto, se tem uma dificuldade e algumas pessoas que estavam sem trabalhar nestes últimos meses, não estão mais na cidade”, descreveu.

Panorama de vagas em Nova Serrana

Visitando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Governo Federal (Caged), os efeitos da pandemia, na geração de empregos, em Nova Serrana, podem ser vistos mais detalhadamente. No mês de maio, por exemplo, 1.927 demissões e apenas 262 contratações foram registradas, causando um déficit de 1.665 vagas, com um efeito maior no setor industrial, que obteve 1.470 desligamentos e somente 90 admissões.

Em junho, os números, apesar de uma melhora, seguiram no vermelho, com 482 contratações, 813 demissões e um saldo negativo de 331 vagas, com a indústria também obtendo a maior fatia de desligamentos (326), mas com um aumento nas admissões (271).

Já em julho, último mês disponível nos dados do Governo Federal, o saldo foi positivo, de 276 vagas, com 1.067 contrações e 791 demissões. O efeito foi o mesmo no setor industrial, que registrou 816 admissões e 508 desligamentos.

Setor calçadista

Embora a pandemia tenha refletido na economia do setor, Ronaldo afirma que o ano deverá se igualar a 2019. Porém, o avanço ainda da pandemia, segue gerando preocupação.  

“As pessoas têm que se cuidar. Quando elas estão com sintomas ou situações suspeitas, há uma necessidade de ficarem isoladas, então se perde força de trabalho com isso. Estamos no meio de uma pandemia, não é apenas uma questão de se achar vagas, mas sim a de que existe uma parte das pessoas que está afastada e isso é preciso, realmente. Há esta instabilidade, mas apesar disso, as coisas estão caminhando, as fábricas, produzindo, faturando, então estão buscando chegar a um patamar que se existia antes da pandemia”, detalhou Ronaldo.

Retomada total em 2021

Ao PORTAL, o presidente da Sindinova declarou que deverá haver uma instabilidade até o fim do ano, mas que também crê que está sendo realizado um trabalho para angariar crescimentos na área e assim, alcançar um equilíbrio no município, a partir do ano que vem.

“Acredito que até o final do ano, pelo menos 3 mil empregos, destes 5 mil que foram perdidos, iremos conseguir recuperar. Então creio que, para 2021, que vai ter a vacina e outras coisas, conseguiremos a recuperação total, no primeiro semestre”, finalizou.

Em Nova Serrana, segundo a última divulgação feita pela prefeitura, nesta terça-feira (22), foram registrados 831 casos de COVID-19, com. 27 óbitos. 137 ocorrências seguem como suspeitas e 1175 estão descartadas.