Amanda Quintiliano
Com promessa de mais segurança, acessibilidade e preservação, a Praça do Santuário, em Divinópolis, foi revitalizada. Quase dois anos depois, o cenário é de abandono. O cheiro de urina contamina alguns cantos do local, marquises se transformam em esconderijos para mendigos. E, aos poucos, o medo de frequentar um dos principais cartões postais da cidade, toma conta da população.
Com apresentações culturais, o espaço foi reinaugurado em 18 de maio de 2012. Escadas deram espaço a rampas. O paisagismo ganhou nova tonalidade. A fonte foi religada. Hoje, quem passa por lá vê uma imagem diferente. Na fonte desligada, cachorros ficam deitados. Na parte superior do “salão de artes” mendigos esticam papelões para dormir. E o verde da grama deu espaço para o marrom das folhas secas.
“Eu gosto de trazer meus filhos para brincarem aqui. Mas, fica difícil. Não tem segurança nenhuma”, comenta a dona de casa, Maíra Soares.
A sensação de falta de segurança não é sentida apenas pela dona de casa. O aposentado João Maurício Vilela, 69 anos, gosta de dar uma voltinha pelo local todos os dias de manhã. “Quando chego aqui encontro os mendigos deitados e isso causa um receio na gente. Também é comum ter usuários de drogas”, comenta o senhor João Maurício.
Cuidado
Se a falta de segurança é questionada pelos usuários, parte da degradação do patrimônio é responsabilidade deles
mesmo. Em volta de lixeiras, copos de sorvetes, papéis de biscoito, garrafinhas de água, ficam espalhados pelo chão. Enquanto a reportagem esteve no local, um casal que estava sentado próximo à lixeira, deixou duas vasilhas de sorvete no banco.
“Acho que a própria população não valoriza. Se a gente não cuida fica difícil de cobrar mais seguranças e outros tipos de cuidado com a praça”, afirmou a assessora comercial, Lúcia Vasconcelos.
Ações
De acordo com informações repassadas pelo setor de Praças, Parques e Jardins da Prefeitura, o local é limpo duas vezes por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Para cuidar dos jardins há dois jardineiros. O gerente do setor, Marcos Mourão atribuiu parte da responsabilidade de manter o espaço conservado à própria população.
“As pessoas não estão tendo educação, leva o cachorro para passear e os deixam fazer coco em qualquer lugar, jogam lixo no chão, quebram o banheiro. Só no ano passado trocamos as torneiras seis vezes”, relata.
Ainda segundo Marcos, por algumas vezes já tentaram retirar os mendigos do local, mas eles sempre retornam. “O poder público fica refém dessa situação. A gente tira e eles voltam. Agora, essa questão de segurança cabe a Polícia Militar. Nós não temos poder para agir nesses casos”, afirma.
Segurança
Para inibir o crime e dar mais segurança para os frequentadores, moradores e também comerciantes, será lançado, ainda este mês, a Rede de Comerciantes Protegidos na região da Praça do Santuário. “Já realizamos várias reuniões, convidamos todos os comerciantes da região, a escola que fica perto da praça também vai participar”, explica o capitão da Polícia Militar, Alexsandro de Oliveira.
Também está em elaboração pela Polícia Militar o projeto “Praça Segura”. Ainda não há previsão de lançamento. A ação irá beneficiar tanto a região do Santuário como a da Praça da Catedral.
“Além disso, temos priorizado as operações e ações lá. Até para dar mais segurança para quem frequenta. A gente sempre faz a abordagem de pessoas e veículos, principalmente nos finais de semana, dias de mais movimento”, acrescenta.
As principais ocorrências no local são ligadas a tráfico de drogas e furtos.