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A implantação da Sala Vermelha do Hospital São João de Deus (HSJD) e a efetividade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não deixou a unidade livre de questionamentos. Nas últimas reuniões da Câmara de Divinópolis, os vereadores têm batido, principalmente no custeio, além da capacidade da Rede de absorver pacientes diante do déficit de leitos.

De forma subliminar e em formato de release, a superintendente do HSJD, Elis Regina deixou uma mensagem sútil aos questionamentos. Sem citar nomes ou polemizar, ela disse que não haveria como a unidade não compor a Rede de Urgência e Emergência, sendo ela a única polivalente da região.

Afirmou ainda que apesar das constantes dúvidas a respeito da gestão da Sala Vermelha e do custeio do serviço, é necessário reconhecer a importância deste para a sociedade que necessita deste modelo de atendimento.

“Eu vejo a Sala vermelha como um benefício tão grande para a população, que às vezes não podemos mensurar apenas como um resultado econômico-financeiro. Ela tem um grande resultado assistencial para essa Região Assistencial Ampliada. Se amanhã percebemos que existem problemas na Sala Vermelha, mas que ela está ofertando a assistência esperada, temos que ter habilidade de ir em busca de recursos para um outro modelo de gestão que a viabilize. Mas nada disso pode tornar impossível um atendimento assistencial que pode salvar diversas vidas, porque a vida não tem preço”.

Por fim, Elis ainda destacou que este novo modelo de assistência da região moldará o Hospital São João de Deus, consolidando-o como uma instituição que atende a alta complexidade.

“Estamos trabalhando para isso. A Sala Vermelha vai se viabilizar, vai trazer pacientes de alta complexidade para o hospital e vai desenhar o nosso perfil efetivo que é da alta complexidade, possibilitando à população ser assistida. Isso para mim como gestora é de grande orgulho, por poder contribuir para o atendimento à população”.

Hoje, a Sala Vermelha recebe aporte de aproximadamente R$400 mil por mês para o custeio. O valor é suficiente para pagar a equipe médica. Os demais gastos, por exemplo, medicamento, sai do caixa do hospital. Em outras ocasiões, Elis disse que outros setores do hospital a partir da entrada de pacientes via Sala Vermelha irão gerar receitas para equilibrar as despesas.

Alívio

A expectativa é que com o redesenho da rede, o São João de Deus seja desafogado. Mesmo com o perfil de alta complexidade, a unidade ainda recebe casos de pequena e média complexidade.

A rede conta com 18 hospitais e a partir da regulação do Samu os pacientes serão direcionados de acordo com a gravidade do caso.

Sala Vermelha

A Sala Vermelha recebeu os primeiros pacientes através de ambulâncias do Samu e do convênio Unimed. Desde o início da operacionalização do serviço, no dia 07 de junho, sete Unidades de Suporte Avançada (USA) foram deslocadas para os atendimentos, sendo duas delas destinadas ao HSJD. Outras cinquenta Unidades de Suporte Básico (USB) também saíram do ponto de apoio para realizarem resgate na data de ontem (07).

O primeiro paciente a registrar entrada na Sala Vermelha, por volta das 10h28min. teve o seu atendimento realizado inicialmente em uma ambulância da Unimed, sendo transferido após os primeiros socorros para o Hospital São João de Deus. Já pela noite, por volta das 20h30, a Sala Vermelha registrou o primeiro paciente resgatado pelo Samu. Ainda pela noite/madrugada, por volta de 02h47, mais um atendimento do Serviço de Atendimento Móvel encaminhou o terceiro paciente para o setor de Urgência e Emergência do HSJD, totalizando assim três atendimentos, ocupando 50% das camas disponíveis na Sala Vermelha.

“Os pacientes foram prontamente atendidos, mas infelizmente foram casos muito graves. Um jovem sofreu um atropelamento, mas provavelmente o que o levou a falecer foi um traumatismo craniano bem grave. Já o outro paciente, de 34 anos, sofreu uma queda com um possível sangramento cerebral, que foi confirmado por meio de uma tomografia. Após ser transferido para o Hospital São João de Deus ele foi inicialmente avaliado pela equipe da Sala Vermelha e encaminhado para a UTI, onde permanece internado”, explicou Dr. Eduardo Mattar, diretor técnico do HSJD.

Ainda segundo o diretor, a Sala Vermelha já está preparada e atuante para atender os casos mais graves, de acordo com a classificação de risco.