Amanda Quintiliano

De um déficit de R$3,5 milhões o Hospital São João de Deus está com superávit de R$900 mil. Este foi um dos dados divulgados nesta quarta-feira (04) durante o balanço de um ano da nova gestão da unidade. Com os resultados, a intervenção foi prorrogada por mais um ano e Elis Regina será mantida na superintendência.

Como já antecipado pelo PORTAL, ao longo deste período houve aumento assistencial. As internações passaram de 1188 em setembro do ano passado para 1639 em agosto de 2017, representando aumento de 38%. O número principal ficou com o Sistema Único de Saúde (SUS), com crescimento de 45%.

Em setembro de 2016 as internações beiravam 717. Em agosto deste ano o número subiu para 1038. Aumento também na saúde suplementar, passando de 472 para 601 internações/mês, crescimento de 27%.

Hoje o São João de Deus está com 85,4% de ocupação. Em setembro do ano passado o índice era de 69,2%, aumento de 16,2%. A unidade também registrou crescimento de procedimentos no pronto atendimento, chegando a 82,4%.

Negociações

De acordo com Elis, as contas estão equilibradas assim como a dívida do hospital. Ao longo dos últimos meses várias negociações foram travadas e acordos firmados. Dentre as dívidas negociadas está a com fornecedores, tributárias. A de R$130 milhões com a caixa também está sendo paga.

Para o próximo ano ficaram os débitos com os médicos, Cemig e Copasa.

Muito trabalho

O equilibro do caixa significa que o hospital respira um pouco mais aliviado, mas ainda não há como afrouxar as rédeas. A unidade precisa ampliar a receita. Durante a coletiva, a superintendente pediu aporte dos municípios. A receita, basicamente, é composta com recursos do Estado e União.

“Quando a gente chega na União e fala para ampliar o teto, ela diz que só vai colocar mais dinheiro no teto magno se por acaso o município fizer a parte dele. Então, nem que sejam R$100 mil, R$200 mil a gente precisa para nosso teto ser revisto”, explica.

Os municípios pagam um valor pelos procedimentos, porém não é suficiente. O montante está se esgotando e, provavelmente, não será suficiente para até dezembro.

“O que me preocupa é que, como abrimos muito as portas, esta PPI está sendo consumida muito rápida. Estou preocupada com novembro e dezembro porque ela pode acabar e a gente pode chegar a deixar de prestar assistência para estes municípios […] Não é que vamos deixar de atender, vamos achar uma solução para isso”, comentou, acrescentando que saúde é sempre negociável.

Em relação a Divinópolis, a superintendente destacou que o município é o que mais utiliza os serviços e que, por isso, principalmente para a maternidade, é necessário um aporte maior.

Apoio

O Ministério Público Estadual ganhou um suporte do Federal. Eles deverão trabalhar em conjunto na região e um dos pontos é reestruturar a divisão dos repasses a partir do levantamento real do custo do hospital. Cada ente ficaria responsável por uma parcela, sendo 50% pela União, 25% pelo Estado e os outros 25% divididos entre os municípios.

Outro ponto é a reavaliação dos hospitais de apoio, por exemplo, hospitais em cidades vizinhas com leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) parados por não terem retaguarda de equipamentos para exames. A ideia é transferir esses leitos para municípios resolutivos.

Ação criminal e civil

O promotor, Gilmar de Assis ressaltou o trabalho feito até o momento e disse que tem seguido o objetivo: assistência. Quando assumiu a intervenção, segundo Assis, havia três vertentes: assistência, civil e criminal. Como optaram em ampliar o atendimento, as questões cíveis e criminais serão analisadas a partir de agora. As três auditorias já realizadas pela pricewaterhousecoopers foram repassadas à coordenadoria do Ministério Público recentemente.

O promotor afirmou que ainda não houve tempo de analisar e que tem até dezembro do próximo ano e que, caso sejam comprovados crimes, haverá responsabilização cível e criminalmente.