Com a ameaça de fechamento do Hospital São João de Deus (HSJD) lideranças de Divinópolis participaram de uma reunião de emergência, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (25). Foram mais de três horas articulando uma saída para manter a operação da unidade. Estado e município resolveram colocar a mão no bolso e acordaram um repasse de R$ 7,5 milhões.
Serão R$ 4,5 milhões por parte do governo estadual e R$ 3 milhões do municipal. O Estado irá parcelar em quatro vezes. A primeira, em fevereiro, será de R$ 1,5 milhão e as demais (março, abril e maio) de R$ 1 milhão cada. Já o município parcelará em 10 vezes, ou seja, R$ 300 mil. O valor será usado para o pagamento dos médicos. A dívida com o corpo clínico já chega a R$ 9 milhões.
A reunião foi realizada em Belo Horizonte (Foto: Divulgação)
“Conseguimos avançar bastante no processo, separando questões que são emergenciais como a dos médicos e estruturais, e ganhar condições com a participação do Estado, Município e direção”, pontuou o secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira.
Caberá à Dictum, negociar a forma para quitar o débito. Também ficou acertado que o município assumirá a implantação da Sala Vermelha. Uma parte da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) seria transferida para o HSJD.
“O hospital passará a receber R$ 400 mil ao mês. Isso viabilizará o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os casos mais graves seriam levados para lá desafogando a UPA”, conta o vereador e presidente da Comissão de Saúde, Edimilson Andrade (PT).
O diretor técnico do HSJD, Renato Corgosinho foi realista quanto ao acordo. Disse que já saíram de reuniões com soluções engatilhadas, mas não cumpridas.
“Se uma pequena parte não for executada pode se tornar insuficiente para o equilíbrio da operação. Isso pode se tornar um castelo de cartas e derrubar toda a estrutura montada”, enfatizou demonstrando uma ponta de esperança.
“Se for executado plenamente pode ser o momento de virada do hospital”.
Fechamento
Lideranças locais pressionaram o governo estadual (Foto: Divulgação)
Com o acordo, o hospital deverá ganhar, pelo menos, mais alguns meses de vida. O promotor, Sérgio Gildin descartou o “risco iminente” de fechamento.
“Com essa reunião a iminência de encerramento cessa. Os termos de hoje trazem força para o hospital não, só, não fechar como voltar a crescer. O hospital tem uma vocação de prestação de serviço muito forte. Se ele conseguir girar com credibilidade por esses meses, automaticamente, por si só, por sua natureza e produtividade, ele vai crescer mês a mês”, ressaltou.
Solução
A solução foi classificada pelo prefeito, Vladimir Azevedo (PSDB) como “conciliadora”. Ele cobrou uma participação mais ativa da União com aporte a exemplo do concedido para o Rio de Janeiro.
“A União precisa dar ao São João de Deus, que está em agonia, a mesma ajuda especial que ela deu para lá”.
Outras frentes deverão ser trabalhadas paralelo a este suporte operacional. Analisar mais uma vez o débito com a Caixa Econômica Federal (CEF) é uma das alternativas apontadas pelo deputado federal, Jaime Martins (PSD).
“Mais uma vez vamos à Caixa tentar conseguir uma carência para o pagamento do financiamento. Também iremos buscar recursos no governo federal, de créditos para municípios, para Divinópolis”, pontuou.
O deputado estadual, Fabiano Tolentino (PPS) falou que o Estado também se comprometeu a incluir o São João de Deus em programas de incentivo o que ajudaria a ampliar a receita e a equilibrar o déficit mensal de quase R$ 1 milhão.
“Além do repasse da Sala Vermelha há também os R$ 17 milhões anuais com o funcionamento dos 20 leitos e outros que serão estudados pelo Estado”, exemplificou.
A reunião estava marcada para a última sexta-feira (22), mas foi remarcada de última hora para hoje. Com isso, o deputado federal, Domingos Sávio (PSDB) não conseguiu participar, pois já tinha outro compromisso para a data. Ele foi representado pela assessora, Thamires Santos.
