Lady Stefani é a primeira de Minas Gerais eleita para o cargo; Inspiração veio da própria família
Danielly Melo
Lady Stefani Rodrigues da Silva, 27 anos, moradora de São José da Varginha, entra para a história como a primeira mulher trans a ocupar uma vaga no Conselho Tutelar em Minas Gerais. A eleição ocorreu em outubro de 2023 e no dia 10 deste mês tomaram posse diversos conselheiros tutelares.
São José da Varginha, no Centro-Oeste de Minas, possui cerca de 4.536 habitantes, conforme o IBGE – realizado em 2022. Dentre esses moradores, Stefani se destacou mesmo acreditando que grande parte da população ainda é mais tradicionalista.
“É um conselho muito pequeno, são só cinco pessoas; a gente vê essa parte mais conservadora tentando manter os deles lá para não deixar entrar uma pessoa progressista como eu”, afirma.
No entanto, a vitória de Stefani significa esperança para vozes que já foram e que são marginalizadas pela sociedade.
“Nós trans somos pessoas silenciadas, sem voz. E quando uma voz ecoa, mesmo que minimamente, já ajuda muito a nossa comunidade”, avalia.
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Mulher trans no Conselho Tutelar: motivações e inspirações
A mãe da Stefani participou da fundação do Conselho Tutelar no município em 2003, sendo a primeira presidenta. A irmã da jovem também ocupou uma cadeira de conselheira por três vezes. Ao surgir a oportunidade, Stefani também se candidatou.
“Veio muito apoio da população”, destaca.
Cercada por familiares que atuaram na área, a progressista encontrou no conselho tutelar uma maneira de participar das questões sociais.
Apoio de amigos
Apesar das dificuldades enquanto mulher trans em uma cidade conservadora, Stefani conta com o apoio de amigos como Anthony Rabelo (vereador de Carmo do Cajuru), Vitor Costa (assessor da deputada Macaé Evaristo) e Italo Soares. No momento de transição, a conselheira acredita no acolhimento e repudia atos violentos.
“A violência nunca vai ser a resposta, mas sim o amor”, ressalta.
Representatividade
O Brasil ainda é um dos países que mais mata transexuais no mundo, conforme o “Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”. Por isso, Stefani enxerga sua representatividade como uma maneira de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ ocupar lugares.
A moradora da cidade mineira entende Erika Hilton e Duda Salabert como vozes importantes presentes dentro do parlamento brasileiro; além de possuir como inspiração a vereadora trans e negra Giovami Maciel – residente de Moema.
Com bastante entusiasmo, Stefani revela sua admiração pelas cantoras Lady Gaga e Ivete Sangalo – referências para a comunidade LGBTQIAPN+. Em momentos difíceis em sua vida a jovem eleita recorreu às músicas de ambas artistas.
“Esquecia da homofobia, da transfobia, esquecia de todos os problemas para conseguir ser quem eu sou hoje”, lembra.
Áreas de atuação no Conselho Tutelar
Lady Stefani pretende atuar no setor social da cidade, propondo ideias para levar a informação para a sociedade. A conselheira eleita prevê, já em fevereiro, a discussão sobre a gravidez na adolescência; além de abordar temas como a segurança alimentar, a pedofilia e as IST’s (infecções sexualmente transmissíveis).
“A minha motivação para entrar no conselho tutelar sempre vai ser de mudança, um conselho mais atuante”, justifica.
Stefani, portanto, luta em prol de uma sociedade bem informada e que possa fugir da ignorância, do preconceito e da marginalização de pessoas trans.