Lamentamos que o governo municipal dê conotações político-partidárias às questões tratadas no nosso último informe “Até quando Vladimir?”. Como entidade representativa dos servidores municipais da saúde, sentimo-nos no dever de voltar ao assunto, esperando que as autoridades responsáveis acordem para a gravidade da situação e cumpram o preceito constitucional de direito à saúde e direito à vida.

 

A administração municipal, que frequentemente culpa os profissionais de saúde pelo fracasso de suas ações, preferiu escamotear o debate, lançando mão de argumentos pouco convincentes e alguns até inverídicos, que nada contribuem para a busca de soluções.

 

Vamos lembrar que a diretoria do Sintram focou a sua preocupação em fatos de extrema gravidade, sequer mencionados na resposta da administração Vladimir Azevedo: “pessoas estão se tornando sequeladas… pessoas estão morrendo precocemente”, em consequência da política municipal de saúde ineficaz, entregue à pessoas sem nenhuma experiência nesta área. Como a administração municipal não julgou necessário tocar neste assunto, vamos comentar fatos recentes noticiados pela imprensa local e que comprovam a conveniência de nosso alerta.

 

Na noite do Réveillon deu entrada na UPA de Divinópolis um jovem de 18 anos, baleado enquanto trabalhava como porteiro em uma festa. O diagnóstico mais provável em situações desta natureza é sangramento interno decorrente de lesões de vísceras. Nestes casos, quando o paciente é conduzido imediatamente a um bloco cirúrgico, tem plenas condições de sobrevivência. O médico plantonista da UPA lutou contra a sua morte e não conseguiu internar o paciente.

 

Paralelamente, milhares de divinopolitanos aguardam na fila de espera por uma cirurgia indicada, não sabendo se ou quando ela será realizada, na angústia de uma possível sequela decorrente do atraso. Este é o foco da preocupação apresentada pela diretoria do Sintram, que a atual administração julgou desprezível.

 

Dada a omissão do governo municipal, a diretoria do Sintram está encaminhando este ofício ao Ministério Público, à Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, ao Conselho Municipal de Saúde e aos Conselhos Regionais de Odontologia e Medicina, na esperança de que estas instituições nos ajudem a construir condições de trabalho dignas aos servidores da saúde e, consequentemente, um atendimento de melhor qualidade à população.

 

Este é o foco principal da manifestação da diretoria do Sintram, cientes de que a origem do problema está no descaso com a gestão da saúde em nosso município, que se caracteriza, entre outros problemas, por uma UPA funcionando acima de sua capacidade máxima. Problemas como número insuficiente de profissionais, profissionais sem treinamento ou reciclagem, excesso de demanda, demanda inadequada, na desvalorização e falta de investimentos na rede básica, na precariedade de nossos recursos diagnósticos e no difícil acesso ao tratamento hospitalar. Isso tudo, somado à desvalorização dos profissionais da área da saúde, desde a desvalorização salarial até o extremo de assédio moral e perseguição dos mesmos.

 

Estamos empenhados na busca de soluções e julgamos muito cômoda a atitude da administração municipal de transferir à terceiros a culpa de todos os males.

 

Vivemos em Divinópolis e é aqui que pretendemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa. Esperamos que as pessoas envolvidas não abdiquem da responsabilidade do cargo. Afinal, a gravidade da situação exige atitudes eficientes.

 

Aguardamos resultados!

 

Diretoria Sintram Gestão 2012/2015