Rinaldo Valério e Galileu Machado (Foto: Amanda Quintiliano)

Vice-prefeito disse que Eduardo Print Jr. armou contra ele para ocupar o cargo na chapa de reeleição

Mais de uma semana após ser acusado de traição, o vice-prefeito de Divinópolis, Rinaldo Valério (PV) rompeu o silêncio. Ao PORTAL GERAIS, nesta terça (17), disse que o desgaste da relação com o prefeito, Galileu Machado (MDB) já dura há meses e que se “alguém traiu alguém”, foi o emedebista e não ele.

Rinaldo contou ter ido até a casa do Líder do Governo, o vereador, Eduardo Print Jr. (SD) na noite anterior a votação do impeachment para esclarecer que não autorizou ninguém a negociar votos em nome dele. O vice negou que tenha oferecido qualquer coisa para persuadir o Líder.

“Ele é o Líder do Governo. Ele tem pessoas amigas dele com cargo de confiança na prefeitura. Eu não seria ingênuo para pedir ele para votar no impeachment. Como ele iria atender um pedido meu, se eu não negociei nada?”, explica, dizendo ter ido naquele horário por ter sido o único disponível.

O vice também negou que tenha feito contato com outros vereadores com a mesma intenção. Assim como em outras ocasiões, afirmou ter evitado contato com a Comissão Processante durante toda a investigação.

Para Rinaldo, ele foi vítima de uma armação política.

“Ele armou um espetáculo, chamou a imprensa, gravou, ele avisou o Galileu. Armou um circo. Ele tem interesse em ser o vice do Galileu e armou contra mim para me tirar do processo”, acusa.

Traição

O desgaste na relação prefeito e vice vem desde o pleito do ano passado. Rinaldo confirmou que houve um compromisso de campanha para Galileu apoiar a candidatura dele como deputado estadual. Entretanto, na convenção que lançou o vice como candidato, o prefeito pediu voto para o vereador, Adair Otaviano (MDB) para o mesmo cargo.

No mesmo ano, ao anunciar o pacote de contenção de gastos, o prefeito exonerou oito cargos na Secretaria de Esportes.

“Se alguém traiu alguém, foi o Galileu. Quantas pessoas da minha confiança ele mandou embora, sem me avisar […] Na Selt eu tinha nove cargos, ele exonerou oito, ficou apenas o secretario que foi exonerado na semana passada”, desabafa. A assessora de gabinete, Martha Helena Tavares também foi exonerada na semana passada.

Ainda segundo Rinaldo, o prefeito manteve todos os cargos dele, mesmo com a argumentação de conter despesas.

“Depois ele traiu o povo de Divinópolis, porque colocou outras pessoas de confiança dele. Ele nomeou outras pessoas, para receber com dinheiro público. Que acumulasse serviço para conter despesa, se essa era a intenção”, argumenta.

O vice disse também que ele próprio exonerou 25% do gabinete atendendo o pacote de contenção.

“Eu fiz Galileu prefeito”

Rinaldo disse que já não há “relação com o prefeito” há muito tempo. Segundo o vice, ele não tinha acesso nem a secretária.

“Demorava meses para eu conseguir agendar uma reunião com o Galileu”, conta.

Lamentando, afirmou que o prefeito está no cargo graças a ele.

“O último recurso [judicial] do Galileu, fui eu quem entrei, e o meu recurso fez o Galileu prefeito”, revela, o chamando de “estranho”.

“A gente trai um amigo, uma esposa, a gente não trai uma esposa estranha”.

Rinaldo afirmou não ter relevado essa situação antes por “respeito” e para não desmoralizar o prefeito.

“Foi até eles aprontarem isso para mim”, lamenta.

Renúncia

O vice descartou a possibilidade de renúncia.

“De jeito nenhum, não tenho motivo para renunciar. Fui eleito vice prefeito, trabalhei em uma campanha. Todos os dias tenho demanda para resolver, exames que não tem na rede pública, ir na UPA, articular com secretários”, pondera.

Sobre a acusação e de não pisar há seis meses da prefeitura, disse que “isso não existe”. 

“Sou um vice prefeito que ando muito a pé pela cidade. Quanto mais eu ando, mais aumenta minha demanda. Da rua já articulo com meus assessores, secretários”.