Sebastião Salgado morre aos 81 anos e deixa legado que vai além da fotografia

Minas Gerais
Por -23/05/2025, às 13H48maio 23rd, 2025
Sebastião Salgado morre aos 81 anos e deixa legado que vai além da fotografia.(FOTO: Divulgação Instituto Terra)
Sebastião Salgado morre aos 81 anos e deixa legado que vai além da fotografia.(FOTO: Divulgação Instituto Terra)

Fotógrafo mineiro usou a arte como instrumento de transformação social e ambiental; Instituto Terra confirmou a morte nesta quinta-feira

O mundo perdeu um olhar raro nesta quinta-feira (23/05). Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos da história, morreu aos 81 anos. O Instituto Terra, fundado por ele e pela esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado, confirmou a informação e prestou uma emocionante homenagem.

Desde o início da carreira, Salgado não registrou apenas imagens. Pelo contrário, ele provocou debates, inspirou ações e transformou realidades. Ao lado de Lélia, também promoveu a recuperação ambiental de áreas devastadas no interior de Minas Gerais.

O Instituto Terra destacou a importância do fotógrafo com palavras que traduzem sua essência:
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”

Sebastião Salgado

Antes de viver da fotografia, Salgado se formou em economia. No entanto, nos anos 1970, trocou os números pelas imagens e passou a viajar o mundo com sua câmera.

A partir de então, retratou a fome na África, o trabalho nas minas, os deslocamentos humanos e a resistência dos povos.

Em cada clique, ofereceu mais do que estética. Mostrou dignidade, sofrimento, superação e, principalmente, humanidade. Por isso, projetos como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis não marcaram apenas a arte, mas também a consciência coletiva.

Ao mesmo tempo em que denunciou injustiças, Salgado plantou árvores. Junto com Lélia, criou o Instituto Terra para reflorestar áreas da Mata Atlântica. Dessa forma, uniu o olhar artístico à responsabilidade ambiental.

Reconhecimentos surgiram ao longo da trajetória. Museus, universidades e instituições premiaram seu trabalho. Em 2015, sua história virou documentário em O Sal da Terra, dirigido por Wim Wenders e por seu filho, Juliano Ribeiro Salgado.

Apesar da fama global, Sebastião nunca abandonou as raízes. Sempre falou com orgulho de Aimorés, sua cidade natal. Da mesma forma, nunca deixou de destacar as contradições do Brasil e de lutar por justiça social.

Agora, com sua partida, o mundo perde um fotógrafo, mas ganha um símbolo eterno. Seu legado permanece vivo em cada imagem, em cada árvore replantada, em cada projeto inspirado por sua visão.