Amanda Quintiliano

O vereador de Divinópolis Eduardo Print Jr (SD) enviou nota de repúdio, nesta terça-feira (21), ao secretário de Cultural, Osvaldo André criticando a postagem dele no Facebook. No texto postado no dia 09 de fevereiro o secretário acusou o projeto “Quero Viver”, sem medir palavras, de “realizar explícito e refinado sistema de acolhimento aos noiados”.

A reação do parlamentar veio mais de um mês depois, segundo ele, por ter aguardado uma posição do líder do governo, Edson Sousa (PMDB). Sem nenhuma resposta, Eduardo pediu que a Comissão de Educação investigue a postagem para verificar se houve abuso por parte do secretário e se as insinuações e acusações procedem.

A postagem de Osvaldo André foi logo após a polêmica envolvendo o projeto e o Ministério Público no início deste ano. A promotoria chegou a determinar que os voluntários deixassem o espaço instalado na Praça Candidés, mas voltou atrás devido a reação negativa e comoção popular. Não satisfeito, o secretário usou as redes sociais para “desabafar”.

Ele afirmou que nenhum vizinho reclamou do “chega pra lá” do Ministério Público.

“Ouvem-se manifestações de satisfação”, enfatizou.

Osvaldo André foi mais longe, disse que o projeto contraria orientação expressa da Polícia Militar às redes de vizinhos e à população ao realizar o “refinado sistema de acolhimento aos noiados: alimento, sombra de barracas, bebedouro, água gratuita e gelada desviada do município, banheiro químico, casa pré-fabricada, palestras inócuas, shows”.

“Pagam alguma coisa? Qual é a contrapartida real, não presumida?”, indagou.

O secretário ainda disparou críticas ao responsável pelo projeto, Pastor Wilson e insinuou que ele não traz resultados eficazes e beneficiadores ao município.

“Não se entende um projeto de acolhimento sem finalização, “ad infinitum”. Já que a igreja tem uma clínica de recuperação, se o dito pastor fizesse uma abordagem séria diária, não teríamos um noiado no carrapateiro”, disparou.

Ele foi ainda mais além e afirmou que o interesse da clínica não é a caridade e sim o dinheiro.

“O projeto acoberta uso e tráfico de drogas, debaixo de suas barbas, sem comunicar à PM. O projeto não estabeleceu relação de ajuda ao Vagão Literário. Sob ele dormem noiados. Os funcionários se sentem intimidados. O local continua área de risco. Não se vêm famílias e crianças desfrutando da praça. Ali ninguém para, ninguém usa as sombras para leituras. Resultado, por falta de clientes e pelo risco que os “moradores” da praça oferecem a funcionários e à população, o Vagão Literário está fechado, até que se descubra a difícil fórmula de funcionamento com benefícios. O Município não tem recursos financeiros para continuar o projeto do vagão, que não termina nele, perdido num local de risco”.

Repúdio

Eduardo desafiou o secretário a provar todas as afirmações, principalmente que o Pastor utiliza o projeto em busca apenas de dinheiro.

“Gostaria que o presidente encaminhasse a comissão para visitar o local e averiguar o que está ocorrendo. Queremos saber se o pastor está se aproveitando para atrair novos fieis ou drogados para a casa de recuperação dele. O que sabemos é que ele está fazendo um trabalho social”.

O vereador sugeriu que Pastor Wilson acione a justiça contra o secretário, caso ele não consiga provar nenhuma das acusações.

“Ele deve responder a uma ação e o projeto deve movimentar isso nos próximos dias, pois ele denigre e coloca em risco a idoneidade do projeto”.

Governo

O líder do governo, Edson Sousa pediu que Eduardo e também o vereador Marcos Vinícius (PROS) não rendessem o assunto. Disse que a opinião do secretário não condiz com a do prefeito, Galileu Machado (PMDB).

“Não podemos perder tempo com isso, porque o prefeito não comunga com certas posições. Isso não é a voz de governo, não é política de governo […] não perca tempo de nomear uma comissão especial. Pastor Wilson, Divinópolis te respeita”, afirmou e completou: “Que o senhor Osvaldo André responda perante a opinião pública e a consciência dele que é o maior tribunal”.

A Assessoria de Comunicação disse que a prefeitura não iria se manifestar, pois trata-se de um assunto pessoal do secretário e não institucional.

Em contato com o secretário ele disse para ser publicada a nota escrita por ele (como os trechos acima).

“O meu pensamento é o mesmo. Leia lá. Há comentários favoráveis e também contrários. Eu não escrevi mentira. A assessoria acertou. O teor do texto me representa. Apenas a mim e a moradores da Rede de Vizinhos Protegidos. Não tenho o que dizer”, concluiu.