Amanda Quintiliano
Apesar de reconhecer o débito com os médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, o secretário municipal de Saúde, Rogério Barbiere e o vice-prefeito, Rinaldo Valério contestaram a paralisação parcial. Em coletiva na tarde desta terça-feira (14) eles falaram até em pontos de ilegalidades.
Dos 354 funcionários da unidade, 185 são contratados pela empresa gestora, a Santa Casa de Formiga. Deste total, 58 são médicos e 12 deles são concursados da prefeitura e também contratados pela gestora. Com exceção dos médicos, os demais estão com os salários em dia.
Barbiere disse que não há motivos para os demais profissionais aderirem a paralisação, incluindo os médicos concursados da prefeitura. Afirmou que caso algum deles venha a aderir à mobilização as medidas cabíveis serão tomadas. Neste caso, não é descartado o meio judicial.
Outro ponto destacado pelo secretário e que pode recair em ilegalidade é a dispensa de pacientes por enfermeiros. Todas as pessoas que chegarem na unidade serão acolhidas. Elas serão encaminhadas para a triagem do protocolo de Manchester.
“Mesmo se o paciente for considerado verde ou azul ele não poderá ser liberado pela enfermeira. A enfermagem faz apenas a triagem. A liberação deve ser feita pelo médico de acordo com a conduta dele”, explicou.
A paralisação também foi questionada pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Warlon Elias. Ele disse que há índices de ilegalidade por não ter a participação de nenhum sindicato.
Atrasos
Os médicos estão com os honorários dos últimos três meses em atraso. A promessa da prefeitura era de quitar, pelo menos, a nota de agosto nesta segunda-feira (13), no valor de R$577 mil. Para isso, seriam utilizados os R$500 mil repassados pelo governo federal para custeio da UPA.
Porém, segundo Barbiere houve atraso e a publicação saiu apenas hoje no Diário Oficial. O prazo para liberação do dinheiro é de 72 horas. Com isso, a expectativa é de o montante ser pago apenas na quarta-feira (22). Já os demais honorários devem serem regularizados até o final de dezembro.
“Já estive com o diretor clínico e afirmei que vamos utilizar este dinheiro para quitar os honorários e que não atrasaremos mais este resto de ano. Em janeiro, quando há melhora da receita como IPVA, IPTU, tudo será normalizado”, afirmou o vice-prefeito.
Estado
Mais uma vez, tanto o secretário como o vice-prefeito, atribuíram ao Estado a responsabilidade do atraso. Já são 16 parcelas de R$125 mil cada acumuladas e sem previsão de serem quitadas.
“O Estado não negocia”, enfatizaram ambos.
Problemas
O atraso de honorário é apenas um dos problemas que assolam a UPA. Superlotação, falta de medicamentos, são outros dois para citar. Na coletiva desta terça-feira (14) a mensagem é de que não há solução a curto prazo e que por um bom período a população irá pagar pelos desmandos de políticos e desgovernos.
A conclusão do Hospital Regional é o principal caminho para desafogar a unidade. Mas, está distante da realidade, afinal, o Estado não tem cumprido o compromisso nem do repasse de R$125 mil mensais para a UPA, quem dirá desembolsar R$14 milhões apenas para finalizar a obra. Ainda há de se falar em equipamento.
A alternativa de interligar a UPA e os postos de saúde também poderia colaborar. Para isso, é necessário ampliar a cobertura da atenção primária. A cidade precisaria de pelo menos 40 Estratégias Saúde da Família (ESF). Na contramão, as Unidades Especiais de Atendimento (UEAs) foram fechadas, também por falta de dinheiro.
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