Ao comentar repercussão, o sacerdote afirmou ficar esperançoso por gestos assim tocarem as pessoas: “é sinal que ainda podemos transpor nossos desafios sociais.”
Um gesto de acolhimento e fé marcou a celebração da Quinta-feira Santa em Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas. Durante a tradicional cerimônia do Lava-Pés, realizada ao ar livre em frente à Igreja Matriz, o padre Gustavo César emocionou a comunidade ao lavar os pés de um homem em situação de rua. A cena, registrada por fiéis, viralizou nas redes sociais e repercutiu em toda a região.
A cerimônia, que integra a celebração da Ceia do Senhor e simboliza o Mandamento do Amor, já tinha doze participantes previamente escolhidos para representar os apóstolos. Porém, um momento inesperado mudou o rumo da liturgia. Conhecido na cidade como Índio, o morador de rua aproximou-se do altar e expressou o desejo de participar do rito. Sensibilizado, o padre atendeu ao pedido de forma espontânea.
“Senti que era o próprio Cristo a visitar toda nossa comunidade paroquial e também a mim”, disse o padre Gustavo em entrevista. “Lavei seus pés, sequei-os e beijei, como já tinha feito com todos os outros. Despedi-o com um abraço. Senti o abraço dele caloroso. A reação do homem foi de alegria: ele foi acolhido e integrado, com respeito e amor”, completou.
Comoção de fiéis
A atitude comoveu os fiéis, que aplaudiram a cena e compartilharam nas redes sociais vídeos e fotos do momento. A repercussão foi imediata. Para muitos, aquele gesto simples representou a essência do Evangelho. “O que nossa paróquia viu aqui hoje foi o Evangelho vivo”, relatou uma fiel após a celebração.
Padre Gustavo foi ordenado em novembro do ano passado e esta é sua primeira Semana Santa como sacerdote. Segundo ele, a espontaneidade do gesto e o simbolismo da ocasião tornaram o momento ainda mais significativo. “Num mundo de muitas palavras, os gestos falam muito. Foi uma graça muito grande ter acolhido o rapaz em nossa Celebração”, afirmou.
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Lava-pés: participação natural de morador de rua
Conforme o padre, a lição deixada pela atitude é clara: “Num mundo marcado por impaciências, exclusões e violências, entendemos que é preciso fazer como Jesus fez e nos ensinou. Não há outra via senão a do amor, que se traduz por gestos de acolhimento, proximidade, perdão e integração.”
A cerimônia ocorreu no Espaço Cultural, praça em frente à Igreja Matriz, local simbólico para os moradores de Carmo do Cajuru. A escolha do lugar ajudou, então, a aproximar ainda mais a celebração da comunidade e reforçou a mensagem de inclusão.
O gesto do padre Gustavo se tornou símbolo de fé, humanidade, assim como esperança — e, como ele mesmo disse, “sinal de que ainda podemos transpor nossos desafios sociais”.