Servidores mantêm greve em Bambuí no segundo dia de paralisação

Minas Gerais
Por -26/06/2025, às 10H51junho 26th, 2025
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram),

Categoria rejeita proposta informal da Prefeitura e denuncia tentativa de desmonte do serviço público

A greve dos servidores públicos municipais de Bambuí entrou em seu segundo dia nesta terça-feira (25/6) com forte adesão e mobilização. Os trabalhadores realizaram nova concentração em frente à Prefeitura e promoveram panfletagem e bandeiraço na Praça Coronel Torres, conquistando apoio da população.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram), o prefeito Firmino Júnior segue se recusando a dialogar diretamente com a categoria. Uma proposta informal apresentada por um assessor na praça foi rejeitada pelo sindicato. “Propostas só valem se vierem por ofício, com registro e assinatura, não em cochichos no meio da rua”, afirmou o presidente do Sintram, Marco Aurélio Gomes.

Apesar de a Prefeitura divulgar que as escolas da rede urbana estariam funcionando normalmente, o sindicato afirma que o quadro de efetivos está defasado e que os serviços estão sendo mantidos por contratados sob pressão, numa tentativa de mascarar a situação real.

Propostas rejeitadas e contraproposta

A proposta informal do Executivo incluía:

  • Criação de uma comissão para discutir novos cargos apenas a partir de junho de 2027;
  • Abonação das faltas dos grevistas;
  • Revisão do vale-alimentação (sem prazo ou índice definidos).

A assembleia dos servidores, com cerca de 60 participantes, apresentou contraproposta formal:

  • Criação imediata de comissão com representantes dos servidores para discussão dos cargos e concurso público, com prazo final em 25/06/2027 para homologação do certame;
  • Abono das faltas durante o exercício do direito de greve;
  • Reajuste do vale-alimentação para R$ 20,00 a partir de setembro de 2025.

No entanto, todos os pontos foram indeferidos pela Prefeitura no mesmo dia.

Denúncias de ilegalidades e impactos da nova lei

Marco Aurélio denunciou que o Executivo tenta intimidar os grevistas com ameaças, remanejamentos indevidos e descontos ilegais no ponto, medidas que já foram levadas ao Ministério do Trabalho. O sindicato também avalia acionar a Câmara dos Vereadores.

O Sintram alerta que a Lei Complementar 001/2025, alvo principal da greve, promove a extinção sistemática de cargos públicos e pode levar ao colapso fiscal do município. A medida também compromete a sustentabilidade da PREVIBAM (previdência municipal), já que a ausência de contribuições de novos servidores da ativa prejudica os pagamentos aos aposentados. A dívida gerada, segundo o sindicato, terá que ser coberta pela Prefeitura, com grave impacto orçamentário.

Caso os servidores sejam incorporados ao INSS, também perderão os direitos previstos no plano de carreira do município ao se aposentarem.

Greve continua

Sem avanço nas negociações, o movimento grevista seguirá por tempo indeterminado. Os servidores exigem a revogação da LC 001/2025 e abertura de diálogo formal com o Executivo.

“Todas as secretarias — Saúde, Obras, Transporte, Educação e Creches — estão paralisadas. Isso não é vontade dos servidores, mas resultado da política de desmonte”, afirmou Marco Aurélio em vídeo divulgado nas redes sociais do Sintram.

O sindicato reforça que a greve é por justiça, dignidade e pela própria sobrevivência do serviço público em Bambuí.