Amanda Quintiliano

 

Vários servidores participaram da assembleia (Foto: Sintram/Divulgação)

Vários servidores participaram da assembleia (Foto: Sintram/Divulgação)

Com o discurso de “negociação” a administração municipal tem levado a “banho Maria” as discussões da pauta de reajuste salarial dos servidores municipais. A campanha foi iniciada em dezembro de 2012 e até hoje, não houve nenhum avanço. Agora, os funcionários prometem paralisar para pressionar o governo. O indicativo de greve será votado na primeira quinzena de março.

 

A decisão foi tomada na noite desta segunda-feira (24), durante a assembleia, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram). A Mesa de Negociação Permanente, formada no início do ano passado, entre representantes do sindicato e da administração, foi o principal item da pauta. Para a diretoria do Sintram, as reuniões estão se estendendo sem avançar nas propostas.

 

“Dá forma que está ela vai se arrastar até o final do governo. Não temos previsão de quando será a próxima reunião. Por isso acho que é necessário tomar uma medida mais incisiva”, disse a diretora do Sindicato, Ivanete Ferreira e acrescentou: “Os servidores que estavam aqui estão dispostos a lutar por esse direito. São pessoas formadoras de opinião”.

 

De acordo com a primeira pauta apresentada pelo sindicato e construída com o funcionalismo, eles querem 11% de reajuste real e a revisão do vale refeição, defasado em 41%. Desde a implantação do gatilho salarial os servidores não têm aumento, apenas a correção anual de acordo com o INPC. Em contrapartida, os secretários municipais, prefeito e vice tiveram aumento de quase 60%.

 


 

Opinião

 

Até quando?

 

Na contramão de todas as alegações e justificativas para não conceder qualquer reajuste para os servidores municipais, o governo municipal tem brigado “com unhas e dentes” para manter o aumento de quase 60% para os secretários municipais. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ/MG) já mandou suspender, mesmo assim, usando e abusando das brechas da lei, eles conseguiram contornar, e os mais de R$ 10 mil continuam caindo, todo final de mês, na conta do secretariado.

 

Se há dinheiro em caixa para arcar com essa diferença, em cálculo grosso, de quase R$ 137 mil, por mês, por que não há para reajustar o salário dos servidores concursados, que entraram por mérito próprio, no serviço público? Por que não enxugar a folha de pagamento? Se na mesma proporção do índice a ser concedido para os servidores, o prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) exonerar um pouco dos comissionados, a folha de pagamento não ultrapassará o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

 

Enquanto os interesses políticos sobreporem o público, não haverá gestão que resolva os gargalos estruturantes e sociais. E, para solucionar todos os problemas – de saúde a econômico – é preciso de um funcionalismo motivado, do contrário, os atestados, ausências irão predominar, contribuindo para ineficiência do serviço público que passa por outras centenas de razões.