Rodrigo Dias
A felicidade é um estado tão perseguido que chega a ser particular. A maioria de nós vive por este momento e quando ele chega, já passou. Se for assim, felicidade é um “instante” e não, necessariamente, um estado.
Felicidade é o primeiro beijo da (o) primeira (o) namorada (o), o “aprovado” escrito numa lista de vestibular. Felicidade é a tal expectativa que se concretiza, de alguma forma, num ato prazeroso.
Se a felicidade fosse uma dama de romance seria a bela. A mulher mais cortejada da corte. Aquela pelos quais os cavaleiros se digladiavam pelo seu amor.
Por ser nobre, a dama Felicidade questiona este tipo de ato. Ela não quer luta ou desavença para ser conquistada. Ela quer somente o desejo, e tampouco é para si, mas para quem a quer.
O desejo move, e nesta movimentação que está todo o aprendizado. Nela estão as pequenas conquistas, que se bem observadas são tão importantes quanto esta tal felicidade idealizada.
Não é o primeiro beijo da mulher amada que importa, mas o fato de aprender a amar. Tampouco não é o “aprovado” que dá sentido, mas todo o esforço empreendido para obter conhecimento.
A felicidade é breve. Mas a sua expectativa e o sentimento de euforia que se segue após um ato feliz são o que dão valor ao homem. Estas sensações duram mais e são o que motivam a buscar outros objetivos; outras felicidades.
Ter propósitos – ensinam os mais sábios – é o primeiro passo para ser feliz. É bem verdade que eles estimulam o crescimento, mas há de ser na medida das possibilidades de cada um. Conquistar as conquistas possíveis abre caminho para se ter, também, o que hoje parece tão distante.
É mais ou mesmos assim:
Rafaela adora livros. Lê todos que se põe na sua frente. A felicidade dela é estar ali, envolta a eles. Este propósito de vida lhe abriu várias portas e a principal foi a do conhecimento.
Para Rafaela felicidade é dividir a palavra. Pratica isso entre os seus alunos, busca formar novos amantes da literatura. Ela entende outras coisas como felicidade, mas o amor aos livros e suas histórias é o que mais lhe move.
Rafaela fez do seu desejo profissão e hoje educa por vocação. Realiza-se em cada mente despertada. A cada página folheada encontra um novo motivo para ser feliz.
Tão nobre e simples assim.