Procedimento irá apurar atuação da Vigilância Sanitária na fiscalização da clínica onde uma paciente morreu

Será aberta sindicância interna para apuração de fatos relacionados à fiscalização por parte da Vigilância Sanitária na clínica de estética Lorena Marcondes. Uma paciente, de 46 anos, morreu, nesta segunda-feira (8/5), ao sofrer parada cardiorrespiratória durante procedimento estético.

A determinação para abertura da sindicância foi encaminhada na tarde desta quinta-feira (11/5), pela vice-prefeita e secretária de Governo Janete Aparecida. O ofício foi direcionado ao secretário de Saúde, Alan Rodrigo da Silva. Esta sindicância deverá concluir seus trabalhos em até 15 dias, devido à gravidade dos fatos noticiados.

A decisão pela abertura desta investigação interna leva em consideração:

  • Os últimos fatos ocorridos na clínica estética no dia 8 de maio, amplamente divulgados e repercutidos;
  • a necessidade de apuração do ocorrido para subsidiar apuração, dando clareza e publicidade aos fatos; e
  • a gravidade da situação ocorrida.

Entenda o caso

  • Irís Dorotéia do Nascimento Martins morreu, nesta segunda-feira (8/5). Ela sofreu parada cardiorrespiratória durante procedimento estético. Inicialmente, ela foi socorrida por um cardiologista que tem uma clínica no terceiro andar do prédio.
  • Ele realizou as manobras e procedimentos necessários até a chegada da equipe do Samu que a levou para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).
  • A paciente chegou em estado gravíssimo na Sala Vermelha e foi transferida para o Centro de Terapia Intensiva (CTI).
  • Devido a hemorragia, foi necessária transfusão de duas bolsas de sangue e uma de plasma.
  • A perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) constatou 12 perfurações na paciente. 10 deles na região do abdômen e dois no glúteo. Também havia hematomas e sinais de que manobras foram realizadas.
  • De acordo com o médico-legista Lucas Amaral, a suspeita é de que a hemorragia foi derivada das perfurações e que ela tenha causado a parada cardiorrespiratória.
  • Inicialmente, a conclusão é de que Íris foi submetida a lipoaspiração ou lipoescultura, além de enxerto nas nádegas. O procedimento pode ser realizado apenas por médico habilitado e precisa de uma estrutura adequada.
  • A perícia ainda aguarda resultado de outros exames.
  • A paciente teria pago cerca de R$ 12 mil pelo procedimento.
  • Dias antes, ela comentou nas redes sociais da biomédica que estava “ansiosa”. No post, Lorena Marcondes mencionava a “lipo laser sem cortes”. Dizia ser um protocolo desenvolvido por ela com resultado “igual a cirurgia, mas sem intervenção”.
  • O equipamento mencionado e que deveria ter sido usado não foi encontrado na clínica. A biomédica teria dito que ele foi dispensado após o ocorrido já que o aluguel é por hora.
  • Até o momento a perícia também não encontrou a ficha de cadastro da paciente e nem mesmo de risco cirúrgico.
  • A Polícia Civil também apura possível ocultação de provas já que testemunhas relataram que um funcionário da clínica deixou o local com um saco plástico.

Prisão

  • A biomédica e a técnica de enfermagem estão presas no presídio Floramar suspeitas de homicídio doloso com dolo eventual.
  • Ela também é suspeita da prática irregular da medicina.
  • Até o momento, a Polícia Civil levantou outros seis boletins de ocorrência contra a biomédica. Há também o inquérito em andamento do modelo que teve a boca necrosada durante procedimento de harmonização facial.

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Interdição

  • A clínica foi interditada pela Vigilância Sanitária na segunda-feira (8/5) por não ter autorização para a realização dos procedimentos considerados invasivos.
  • O alvará estava vencido desde outubro do ano passado e em processo de renovação com acompanhamento do órgão.
  • Em 2021 a clínica já tinha sido interditada por irregularidades. O alvará foi liberado em outubro de 2021 após elas serem sanadas.
  • Na época, o Conselho Regional de Biomedicina foi notificado pela Vigilância Sanitária.
  • O Conselho Regional de Biomedicina ainda não se manifestou.

Apurações

  • No dia 19 de abril o Ministério Público recomendou à Vigilância Sanitária que providências fossem adotadas contra a clínica para evitar danos à saúde. A recomendação foi baseada também na negativa da Junta de Julgamento em prorrogar o alvará.
  • A Vigilância respondeu dizendo que havia feito diligência um dia antes, no dia 18 de abril, e não encontrado nenhum indício que justificasse interdição.
  • Nesta quinta-feira (11/5), a Secretária de Governo Janete Aparecida determinou que a Secretaria de Saúde instaure sindicância para apurar a atuação da Vigilância Sanitária.
  • Um mutirão de fiscalização em outras clínicas da cidade será realizado.