Amanda Quintiliano

 

Trocadores temem demissões a partir da sanção da lei (Foto: Amanda Quintiliano)

Trocadores temem demissões a partir da sanção da lei (Foto: Amanda Quintiliano)

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário irá convocar uma assembleia para definir quais medidas serão tomadas em relação a lei que permite os ônibus a circularem sem trocadores, em Divinópolis. A data deverá ser definida até a próxima semana. O receio da categoria é quanto ao acumulo de funções e a falta de segurança para quem trabalha, principalmente, no período noturno.

 

“Vamos convocar os trabalhadores para ver o que será feito em termo de remuneração para quem vai desenvolver a dupla função porque o projeto foi aprovado, pegou a gente de surpresa, ficamos sabendo pela mídia, e acho difícil de voltarem atrás”, afirmou o presidente Erivaldo Adami, sem descartar a possibilidade de paralisação.

 

“Se os motoristas não concordarem com essa situação vamos fazer um movimento e podemos até parar para protestar. Se eles vão assumir função extra nada mais justo que eles recebam pelo serviço”, afirmou.

 

Reclamações

 

Em conversa com um motorista – que preferiu não ser identificado – ele disse que a medida irá gerar demissões e o acumulo de funções irá dificultar a prestação do serviço. Segundo ele, mesmo nos finais de semana o movimento é grande na maioria das linhas, com exceções de algumas poucas.

 

“É impossível trabalhar sem o trocador. Só se realmente for em linhas de baixa demanda. Mesmo nos finais de semana o movimento é grande. Também não acredito que não ocorra demissões. Para onde irão esses trocadores? Será folga todo final de semana e feriado?”, contestou o motorista.

 

Um trocador – que também não quis ser identificado – afirmou ter receios de ser demitido.

 

“Eles falam que ninguém vai ser demitido. Mas, onde eles vão colocar quem trabalha nessas linhas de baixa demanda?”, indagou.

 

Usuários

 

A vendedora Ângela Maria Barbosa, 34 anos, usa o transporte coletivo pelo menos duas vezes ao dia. Ela é moradora do bairro Padre Eustáquio e reprova o projeto aprovado. Para ela, os ônibus ficarão mais sujeitos a assaltos.

 

“Sempre tem uma história de ônibus que são roubados. Imagina se o bandido já faz isso com dois lá dentro, só como o motorista vai ser mais fácil”, afirma.

 

Não foi apenas Ângela que não recebeu bem a aprovação do projeto. A auxiliar administrativa, Rafael Batista Santos, 26 anos, também teme a segurança e qualidade do serviço.

 

“Os ônibus já não são bons. A gente fica horas esperando e eles ainda fazem isso. Tudo a favor deles e nada a favor de nós, usuários, que pagamos caro para um serviço de baixa qualidade”, contestou.

 

Consórcio

 

Ao PORTAL o diretor do consórcio TransOeste, Felipe Carvalho negou a possibilidade de demissões. Disse que a lei visa melhorar a qualidade de trabalho adequando a jornada de trabalho ao horário comercial.

 

“Queremos permitir que eles tenham folgas nos finais de semana, para poder atrair a mão de obra que vai para comércio, construção civil, que oferecem esses horários mais flexíveis. Podemos garantir que não haverá demissões. Eles sabem que hoje temos 20% de déficit”, disse.

 

Em relação a revisão salarial para os trabalhadores, Carvalho disse que caberá uma negociação com o sindicato da categoria e que quem acumular funções deverá receber uma gratificação. O valor não foi divulgado.