Gigante afirmou que a categoria deve ficar tranquila em relação aos cortes ameaçados pelo prefeito (Foto: Amanda Quintiliano)

O Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) questionou, nesta sexta-feira (08), a finalidade do decreto de emergência contra a dengue em Divinópolis. O diretor jurídico da entidade, Alberto Gigante apresentou um levantamento feito por especialistas da saúde apontando redução nos casos de notificação na data de assinatura do documento.

“Estamos alertando a administração que o surto de dengue este ano tem características diferentes. Ele começou muito agressivo, só que estranhamente o município resolveu decretar estado de emergência quando nós já tínhamos um decréscimo acentuado dos casos notificados de dengue e coincidentemente um dia após a paralisação dos servidores. Não existiam dados técnicos que justificassem Além do mais, apesar de ter decretado, nenhuma medida prática foi tomada”, argumentou.

Foto: Amanda Quintiliano

Foto: Amanda Quintiliano

De acordo com o levantamento, o pico de notificações ocorreu na semana nove, foram 592. Após este período houve redução, caindo para 543, 412, 293 e por último 158. Outro questionamento é o fato de não ter sido decretado emergência em 2013 quando a cidade registrou a maior epidemia de dengue com 6987 notificações de janeiro a dezembro.

“Se o prefeito decreta que o município está em estado de emergência, cria-se uma situação de ver com intolerância o movimento de greve. Logo depois ele entra na justiça pedindo a ilegalidade da greve. A gente vê que existe uma incoerência e os fatos começam a se formar”.

Gigante não descarta a possibilidade de aumento de notificações nos próximos meses. Segundo ele, o questionável é o fato de ter sido decretado quando havia redução dos casos. Ele ainda disse que as unidades de saúde estão funcionando com 30% das equipes e que não há desassistência. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA – 24 horas) está funcionando normalmente.

Pico

O decreto foi assinado no dia 29 de março (Foto: Rodrigo Dias/PMD)

O decreto foi assinado no dia 29 de março (Foto: Rodrigo Dias/PMD)

Em 2013, ano mencionado no levantamento, entre a primeira e a 13ª semana foram notificados 2119 casos da doença. Já no mesmo período deste ano foram 3642. O pico em 2013 foi na 15ª semana, quando é esperado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) uma nova elevação dos casos este ano.

É com essa alegação que a Semusa justifica o decreto. Segundo ela, foi feita uma análise pelos técnicos que avaliaram o cenário e os dados históricos. De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, ninguém deve comentar as afirmações do Sintram para não polemizar. Disse apenas que este tipo levantamento não cabe ao sindicato.

Atribuiu à greve a redução de casos notificados na última semana. Isso porque, conforme explicou a assessoria, estão faltando profissionais para fazerem o registro. Outro fator que contribui é a omissão por parte de clínicas e hospitais particulares, que nem sempre comunicam a vigilância.