Associação comunitária do bairro pede, em um período de 72 horas, a reparação das ruas e dos munícipes afetados

A situação insustentável das ruas do bairro Padre Libério, em Divinópolis, fizeram com que a Associação Comunitária da região encaminhasse, nesta semana, uma notificação extrajudicial à empresa AB Nascentes da Gerais.

Segundo a associação, a mesma pede que, em um período de 72 horas, a partir do recebimento, a empresa inicie as manutenções necessárias para conter o volume da água provocado por uma obra situada no KM 122 da rodovia MG-050.

Pede também a reparação dos prejuízos causados aos moradores e empresas da região, pela quantidade de água e terra que adentraram as casas e imóveis do bairro, principalmente nas ruas Madre Xavier Nóvoa, Pacífico Pinto da Fonseca e Hercília Mascarenhas, onde foi obtido danos materiais e morais.

“A família de um morador perdeu tudo, pediram até caçamba, para jogar as coisas fora. Ele não tem condições de morar na casa, pois ela encharcou de água e com a vinda do Sol, fica aquele mormaço (…) Tem uma outra que não consegue mudar de lá, pois tem criança pequena e estão sofrendo a cada verão, cada período chuvoso e sofrem estas consequências”, disse o presidente da associação, João Chaves ao PORTAL CENTRO-OESTE.

Situação

O problema ocorre há vários anos, segundo moradores (Foto: Divulgação)

De acordo com João, o martírio já dura 15 anos e acontece sempre nos períodos chuvosos. Com isso, algumas ruas do bairro ficaram intransitáveis, como por exemplo a Pacífico Pinto da Fonseca, a qual fica situada a entrada do almoxarifado da Remo Engenharia, empresa prestadora de Serviços da Cemig.

Há quase dois anos, os 150 funcionários dela não conseguem entrar com os veículos no local, que não tem poste de iluminação, para recolher os equipamentos de trabalho, devido às condições precárias da pista, comprometendo o serviço da prestadora e a segurança dos trabalhadores.

Os problemas também afetam uma serralheria, localizada na Rua Madre Xavier Nóvoa. Segundo a associação, o local fica tomado pelas águas que descem da MG-050 e com isso, as atividades da empresa, como novos pedidos de serviço, ficam seriamente comprometidas há anos, durante todo o período chuvoso, ocasionando redução de receita e dificuldades de pagar as contas no fim do mês.

Casas

Na Rua Madre Xavier Novoa, a água e a lama também invadem as residências do local. Já na Hercília Mascarenhas, os dejetos que vêm da 050 empoçam a via e ficam por lá durante vários dias, fazendo com que moradores e empresários fiquem expostos ao perigo de contraírem doenças.

João ainda contou que a Nascentes nunca apareceu no local para solucionar os problemas e que novas atitudes serão tomadas, caso ela não atenda a notificação.

“Desde quando ganharam a licitação, nunca apareceram lá (…) Caso ela não atenda, vamos acionar o MP para cumprir aquilo que determina a lei, que é intervir para sanar esses problemas”, afirmou.

Outra notificação

Os alagamentos causam prejuízos a empresas (Foto: Divulgação)

O que ocorre no bairro Padre Libério também gerou uma notificação da prefeitura de Divinópolis à Nascentes, no início dessa semana, devido aos problemas registrados na região após as chuvas da última quinta-feira (21).

“A ação terá como base análises técnicas e da Defesa Civil. A construção de galerias ao longo de parte das rodovias ampliou o volume de água a montante ao local já considerado crítico”, divulgou o Executivo.

Porém, de acordo com João, a prefeitura não possui conhecimento do que se passa no bairro.

“Nós que tivemos que explicar todo o processo. Inclusive alertamos eles no dia 22 de janeiro, que ia acontecer o que aconteceu. Convocamos ela e a Defesa Civil e não apareceram (…) Eles não fazem a fiscalização da obra”, finalizou.

Nascentes

O PORTAL procurou a AB Nascentes das Gerais, que respondeu, em nota que até o presente momento, não recebeu a notificação citada e portanto, não se manifestará a respeito até o recebimento formal do documento.

A empresa ainda afirmou que as obras de acesso à Avenida JK não contribuíram para o alagamento na região da referida via após as fortes chuvas da última semana, já que não houve qualquer alteração da drenagem existente e explicou que equipes técnicas da concessionária estiveram no local e constataram que o sistema de drenagem da Av. JK para a travessia ao Córrego do Bagaço não tem capacidade suficiente de vazão para águas pluviais. Além disso também foi constatado que uma árvore que caiu durante a tempestade obstruiu a entrada do sistema de captação de água. 

A concessionária também informou, ainda, que está à disposição da prefeitura para vistoria conjunta no local para avaliar a situação.