Ana Maria compartilha como foi o momento do diagnóstico, o tratamento, a retirada das mamas e, principalmente, o caminho de coragem e superação até a cura do câncer de mama
“Quando eu recebi o diagnóstico, eu tive uma conversa sincera com Deus. E eu só pedi pra ele: Segura minha mão, não me abandona”. A declaração é da empresária Ana Maria Souza que aos 37 anos superou e venceu um câncer de mama.
Na conversa com Deus, ela depositou toda a fé: “Tenho fé, ainda não sei por quê, não sei pra quê. Mas eu tenho fé que no caminho o Senhor vai me mostrar tudo isso e não vai me abandonar”, relata Ana Maria Souza, moradora de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas.
Ana Maria descobriu o câncer após um gesto simples: cruzou os braços. Assim, ela notou o caroço na mama esquerda durante um final de semana em família. “A gente fica sem chão. É medo, insegurança, incertezas. São muitas questões que batem na nossa porta”, explica Ana Maria, contando que estava com todos os exames de rotina em dia.
Na segunda-feira seguinte ao final de semana, ela procurou o médico. A prontidão na investigação foi fundamental para o prognóstico. “Fizemos mamografia, ultrassom e o laudo da biópsia veio com o diagnóstico de câncer de mama”, recorda. No processo cirúrgico outra surpresas: os exames revelaram que havia dois nódulos.
“Retiramos os nódulos. A partir daí fomos para a parte oncológica, fiz as quimioterapias. Nesse ciclo quimioterápico, o painel genético me apontou um câncer hereditário. Tendo essa hereditariedade, foi aconselhado entre mastologista, oncologistas, a fazer uma mastectomia bilateral, que é retirar as duas mamas, pois eu tinha chance de reincidência alta e essa chance seria na outra mama. Então nós optamos por precaução, por prevenção e fizemos essa cirurgia assim que encerramos as quimioterapias”, lembra.
Agora, ela aguarda o período de segurança, cerca de quatro meses, para fazer a reconstrução mamária.
Câncer de mama: números crescentes e foco no diagnóstico precoce
A experiência de Ana Maria se soma aos milhares de casos atendidos pelo Hospital do Câncer do Centro-Oeste de Minas, que atendeu 12.873 pacientes em especialidades como radioterapia, quimioterapia e cirurgia oncológica. Apenas em 2025, a unidade realizou 2.488 atendimentos em consultas de mastologia/mamografia. No último ano, foram contabilizadas 511 cirurgias oncológicas e mastológicas na instituição.
O levantamento da Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acom) mostra ainda que, nos últimos 12 meses, 3.274 pessoas com câncer de mama receberam atendimento no Hospital do Câncer — sendo 3.260 mulheres e 14 homens.
No Brasil, o câncer de mama segue como o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. Conforme estimativas do Ministério da Saúde, o país deve registrar 73.610 novos casos em 2025, de acordo com estudo recente. Em 2023, mais de 20 mil mortes foram contabilizadas, concentradas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Santa Catarina apresenta a maior taxa ajustada do país — 74,79 casos por 100 mil mulheres.
Especialistas têm observado, entretanto, uma tendência de queda na mortalidade entre mulheres de 40 a 49 anos, especialmente devido ao maior acesso ao diagnóstico precoce.
“O câncer exige resposta rápida. No SUS, tempo é vida — e por isso estamos fortalecendo toda a linha de cuidado, do rastreamento ao tratamento”, reforça José Barreto, diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde.
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Novas ações e apoio ampliado em 2025
O movimento Outubro Rosa 2025 marca um novo ciclo de investimentos públicos voltados ao combate e tratamento do câncer de mama. O programa Agora Tem Especialistas prevê a inclusão de 121 novos aceleradores lineares até 2026 em todo o país, atuação de 27 carretas da Saúde da Mulher em 22 estados e a distribuição de medicamentos modernos para o tratamento da doença no SUS.
Além disso, outra vitória pa prevenção e diagnóstico rápido é o rastreio suplementado pelo SUS para mulheres com idade entre 40 e 74 anos. “Pela Sociedade de Mastologia, esse rastreio deve ser realizado anualmente pela momografia. Os outros exames, ultrassom e ressonância da mama são exames complementares à mamografia”, explica a mastologista Bárbara Monteiro.
Alguns sintomas também sinalizam a doença. “Endurecimento das mamas, aparecimento de nódulos, a pela fica com a coloração avermelhada ou com aspecto de casca de laranja, fluxo papilar que é a eliminação de líquido pelo bico do peito, principalmente, quando é hemático, são sinais que precisamos ficar sempre atentas”, alerta.
“A vida vale mais do que qualquer coisa”
Para superar e enfrentar todo o tratamento, Ana Maria teve apoio fundamental. Ao lado do noivo, amigos e família encontrou as mãos estendidas e o abraço acolhedor. “Foi uma junta de amor e carinho. Todo mundo segurando minha mão, ninguém soltava minha mão”, relembra.
Apoio que lhe trouxe coragem. Hoje em remissão da doença ela tem ajudado a ecoar a importância da prevenção, do diagnóstico precoce. Para além disso, transformou-se em uma voz acolhedora para aquelas que veem a autestima minar com a doença.
“Ficar careca, perder a mama, é o menor dos problemas. A nossa vida vale mais do que qualquer coisa. O diagnóstico precoce salva vidas. Então você, mulher, se ame mais do que a imagem refletida no espelho”, aconselha Ana Maria Souza.
” Você consegue tudo, a gente é forte, a gente consegue”, finalizou.
Prevenção do câncer de mama
A prevenção do câncer de mama, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), baseia-se na redução da exposição aos fatores de risco modificáveis e na promoção de fatores de proteção. Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em sua maioria, modificáveis. Contud, fatores como excesso de peso corporal, inatividade física, consumo de álcool e terapia de reposição hormonal, são, em princípio, passíveis de mudança.
Por meio da alimentação, nutrição, atividade física e gordura corporal adequados é possível reduzir o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.
*Amanda Quintiliano e Brenda Fernandes



