Amanda Quintiliano

 

O sócio da empresa Limeira Agropecuária e Participações Ltda e primo do deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade), André Almeida, foi ouvido nesta segunda-feira (02) pela Polícia Federal, em Pará de Minas. O empresário é uma das testemunhas do caso do helicóptero da empresa apreendido com mais de 400 quilos de cocaína em Afonso Cláudio, zona rural do Espírito Santo.

 

O helicóptero foi abastecido em Divinópolis (Foto: Divulgação)

O helicóptero foi abastecido em Divinópolis (Foto: Divulgação)

O interrogatório durou em média uma hora. O delegado da Polícia Federal responsável pela oitiva, Daniel Souza não quis comentar detalhes dos relatos do sócio da empresa. Disse apenas que as informações colhidas serão encaminhadas para a Polícia Federal, no Espírito Santo – responsável pela investigação.

 

O helicóptero da família Perrella foi apreendido com drogas perto de uma fazenda no Espirito Santo. Durante operação quatro pessoas foram presas, dentre elas o piloto Rogério Almeida Nunes. Além de trabalhar para a empresa Limeira Agropecuária, ele era lotado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) com vencimento de R$ 1,7 mil. A aeronave também foi abastecida com dinheiro do legislativo, cerca de R$ 11 mil.

 

Divinópolis

 

O inquérito revela que o helicóptero, antes de seguir para o Espírito Santo, parou no aeroporto Brigadeiro Cabral, em Divinópolis, para abastecer. Ele teria sido carregado de cocaína em Avaré (SP), parado em Campo de Marte (SP) também para abastecimento e fazendo um segundo pouso em Divinópolis para depois seguir para Afonso Cláudio.

 

Uma suspeita foi levantada pelo colunista da Veja, Reinaldo Azevedo. Segundo ele, “matematicamente”, a aeronave não teria condições de seguir de São Paulo até o Espírito Santo com 440 quilos de cocaína e que, provavelmente, o carregamento tenha ocorrido em Divinópolis.

 

Nos registros do aeroporto há a comprovação de que o helicóptero foi abastecido na cidade.

 

Segurança

 

A possível rota de tráfico se junta às denúncias de mau uso do aeroporto feito à Câmara Municipal em meados de novembro. Na ocasião, o vereador Adair Otaviano disse que o denunciante acusa empresários de utilizarem o espaço para darem festas nos finais de semana, recebendo convidados e servindo uísque.

 

Ao PORTAL, o prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) disse que até o momento não foi comunicado nem em razão do helicóptero da família Perrella e nem pelas denúncias averiguadas pela Câmara. Ele disse que o aeroporto esta em aprimoramento desde 2005, quando iniciou o primeiro mandato e que há planos de melhorar a segurança do local.

 

Azevedo ainda comparou o aeroporto a oficinas mecânicas de beira de estradas, o que segundo ele, torna o espaço vulnerável.

 

“Temos lá mais de 20 pousos e decolagens por dia e isso ocorre como se fosse quase um mercado automotivo. É como se fosse esse serviço de manutenção que tem em beiradas de estradas, também há nos aeroportos” disse e acrescentou: “Há todo um contesto de aviação que atrai coisa boa e coisa ruim. Não fui comunicado oficial desse fato. Se for, com certeza, estará registrado na planilha de quem controla o posto, que não é a Prefeitura, é terceirizado”.

 

Vladimir ainda disse que caso sejam constatadas irregularidades ou haja notificações haverá a apuração também por parte do município.