A vida real é normal. Nem ficção e tampouco sonho, é real. Nela há dores, amores e sabores e é real. Nada é tão igual ou anormal.
Às vezes é assim: a gente quer uma reta, ampla, plana e segura. Mas, na real, a vida é encruzilhada. Esquinas e becos suspeitos. Há de se pagar para ver.
Qual o preço?
O preço da vivência. Da sublime experiência de viver a cada dia, e nele fazer nossas escolhas. Logo, viver é escolha. Ninguém vive liso, sem feridas. Elas fazem parte da vida e, por consequência, das nossas escolhas.
A cada km, o conta-giro marca a passagem e a velocidade das coisas na existência. Não tem como viver e não ter suas marcas. Arranhões e/ou cicatrizes que dizem: você viveu.
Nem tudo que marca a pele e a alma é essencialmente dor. É sinal da passagem, da vida real. Quem não se marca ou fere, não vive. Apenas vegeta. Sem sentir e sem sentido. Vegeta.
A vida é dinâmica e dela não se escapa. Caso isso ocorra, é porque já se está morto. E ela, a vida, já não consegue imprimir mais nada. Não tatua a pele e tampouco a alma.
O ser zumbi passa pela vida moribundo. Carne putrificada e sem alma. Degenera-se a cada dia. Até não mais existir.
Se a vida é um sopro divino, viver é ventania criada pelo homem. Ignora-se a brisa e cria-se a tempestade que revira, destrói, isola e machuca o próprio homem.
Leve a vida, pois é breve o existir. A frase pode até ser clichê, mas o seu significado não. Quanto mais leve, melhor. Vida leve não é descompromisso, é entender que ela não é perene e, de fato, se vai rápido.
A vida passa e nos leva juntos; é metafísica e, portanto, real. Se não solvê-la ela acaba e dela não ficará sabor.
Apenas a sensação do amargo. Por não entender que nem tudo aquilo que não for alegria é dor.
Viva, por favor.