Amanda Quintiliano
O superintendente do Hospital São João de Deus, Afrânio Emílio confirmou, na manhã desta segunda-feira (04), que partiu da instituição a determinação de suspensão das cirurgias eletivas. Sem entrar em detalhes, Afrânio confirmou o atraso de repasses e disse já estar em contato com os órgãos responsáveis para regularizar a situação.
Desde semana passada todas as cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão suspensas. As novas consultas da ortopedia marcadas para hoje, por exemplo, foram canceladas na última sexta-feira (01). Foram mantidos apenas os casos de urgência e aqueles em que os pacientes já estão internados no hospital. Os atendimentos aos pacientes já operados também foram mantidos.
Entre esses pacientes que aguardam avaliação – primeira consulta, está Valéria. O setor de marcação da ortopedia não conseguiu contato com ela na sexta-feira e hoje, pela manhã, ela foi até ao hospital. Após esperar por mais de 1h30 pelo atendimento, a notícia: o médico só atenderia pacientes já operados. A decisão, segundo o próprio profissional, foi porque ele não poderia dar encaminhamentos cirúrgicos.
Mesmo assim, o médico atendeu a paciente que aguardava pela avaliação. Repassou encaminhamentos para exames e marcou o retorno para a próxima segunda-feira (11).
Em conversa rápida com a reportagem, o médico também negou que tenha partido dos profissionais a ameaça de paralisação dos atendimentos pelo SUS. Confirmou o atraso no pagamento, previsto para o último dia 25, mas afirmou que em nenhum momento a categoria chegou a manifestar interesse em suspender o serviço.
“Conversei hoje com o bloco cirúrgico e partiu de lá a orientação para suspendermos os procedimentos cirúrgicos”, afirmou extraoficialmente à reportagem.
No bloco cirúrgico, os profissionais reafirmaram que a determinação partiu da superintendência. Entretanto, não havia nenhum comunicado por escrito.
Hospital
Inicialmente, a Assessoria de Comunicação do HSJD informou que a determinação não teria partido da
superintendência e que ainda não havia um comunicado oficial. A informação era a de que Afrânio participaria de reuniões ao longo do dia de hoje.
A reportagem do PORTAL aguardou pelo superintende na portaria e conseguiu, rapidamente, conversar com ele, quando Afrânio voltava de uma reunião da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). O superintende limitou-se a comentar o assunto e disse que até o final do dia irá emitir uma nota.
Além de confirmar que a suspensão partiu de determinação da instituição, ele reafirmou “desequilíbrio orçamentário”. Afrânio ainda negou que o atraso no repasse tenha sido motivado pela Prefeitura.
“Há uma hierarquia que começa no Ministério da Saúde, passa pelo Estado. O município é apenas gestor. Se há atrasos de repasses ao município leva a atrasos do município com o hospital”, comentou.