Sobre vários aspectos, fevereiro é um mês repleto de simbologia. É neste mês o ápice do verão com as temperaturas lá no alto. É mais gente com corpos à mostra na beira d’água em busca de um refresco.

 

 

rodrigo (1)

O mês mais curto do ano é também o mês da alegria exacerbada: aquela retida nos demais meses, agora é extravasada em quatro dias de festa. O carnaval é fantasia, mas para muitos é redenção. Fuga de uma vida monótona e, por vezes, se sentido.

A orgia mais significativa no carnaval não é a relativa ao sexo que fica tão latente nesta época do ano. A principal orgia ocorre no campo do sentir… Do desprender-se. Há uns anos atrás conversava sobre isso com um amigo e a dúvida era:

No carnaval determinadas pessoas punham a fantasia ou simplesmente tiravam uma máscara ostentada um ano todo? Cravar a resposta certa é difícil. No entanto, pode se inferir que os dois casos ocorrem.

Algumas pessoas, sim, se escondem por trás das fantasias para se libertar e vivenciar prazeres diferentes. Já outros se despem. Expõe suas vontades reprimidas. Bebem, dançam e amam de forma franca. E, sem reservas, experimentam uma efêmera felicidade que tem dia e hora para acabar.

Independente de qual seja a motivação, os resultados e intenções são bem próximos: viver ou experimentar algo fora dos dias convencionais. Pessoas bem resolvidas conhecem suas necessidades e sabem o que deve ser feito para se sentirem bem. Isto é o equilíbrio e o bom senso operando.

Agora, para uma parte significativa da população, viver reprimido e se liberar em quatro dias de folia sobre o pretexto da alegria da festa, denota certo desajuste que deve ser mais bem estudado, ou melhor, melhor compreendido pelo próprio indivíduo.

É claro que, neste contexto, há de se considerar o fator da indução. Afinal, por anos aprendemos a enxergar o carnaval como uma festa profana em que tudo é permitido e esse fato nos direciona a agir assim: na busca dessa tal sensação de liberdade.

Mesmo que o indivíduo queira, o carnaval está longe de ser uma terapia em grupo. Como toda festa ele, o carnaval, traz relaxamento, mas não é a forma mais adequada para tratar questões estruturais da personalidade de quem quer que seja.

Usar o carnaval sobre este pretexto não resolve nada. O querer sentir a todo custo revela prejuízos imediatos e outros posteriores que podem comprometer o resto do ano ou, ainda, uma vida inteira.

A festa de momo é tempo de alegria. As experiências devem ser feitas quando a racionalidade não esteja comprometida por fatores externos que impactem sobre questões internas pré-existentes e que mereçam maior tempo e trabalho para o seu entendimento.

Neste caso, o melhor a se fazer é aproveitar as boas companhias, brincar e viver a festa. Relaxar e aproveitar. Todo resto, se vê depois. Com tempo e parcimônia.

A folia tá liberada.