Denúncia foi feita pela vereadora Lohanna em meio a crítica de possível favorecimento a vereadores com calçamento de ruas

O prefeito de Divinópolis Gleidson Azevedo (PSC) deixou escapar em entrevista à Rádio Minas que definirá a destinação dos R$15 milhões – oriundos o acordo entre o Estado e a Vale como compensação aos danos em Brumadinho – junto com “alguns vereadores”. Na mesma declaração, antecipou que o dinheiro será para calçamento de ruas.

A afirmação provocou reação na vereadora Lohanna França (Cidadania).

“Não participo de discussão em prefeitura em que três, quatro quarteirões de calçamento são dados a vereador para não criar caso”, declarou, nesta terça-feira (19/10), ao cobrar que parte do dinheiro seja utilizada para obras estruturantes de postos de saúde.

“Quem votou em mim, não votou por causa de quarteirão de calçamento. Quem votou em mim, votou para eu questionar os problemas estruturais de Divinópolis e trabalhar na solução de todos eles”, afirmou.

Criticando a destinação exclusiva do dinheiro para calçamento, disparou:

“Calçamento dá votos pra caramba. Mas temos unidades de saúde chovendo dentro do consultório do dentista, temos unidade de saúde que não tem acessibilidade e todo mundo está se silenciando sobre isso”, enfatizou.

Denúncias

Ao exemplificar as deficiências nas unidades de saúde citou a do bairro Bom Pastor.

“Gente tinha gelo que é usado para armazenar material biológico guardado junto com sanduiche de funcionário, mas a gente não precisa gastar mais nada que não seja calçamento. Isso é risco de contaminação. Tinha teste de Covid na geladeira do Bom Pastor junto com alimento de funcionário”, relatou.

E seguiu com as denúncias.

“Tem esgoto no escovódromo do Bom Pastor, da inclusive ânsia de vomito quando são crianças escovando dentes. O ventilador foi retirado, restou apenas os buracos na parede. Mas não devemos gastar nada além de calçamento”, destacou.

Entrevista do prefeito

Lohanna chegou a sugeriu que a destinação do dinheiro fosse discutida em audiência pública também aberta à população.

Entretanto, em entrevista à Rádio Minas o prefeito tratou como perda de tempo.

“Quem irá determinar o dinheiro da Vale é o prefeito junto com alguns vereadores, praticamente todos, para poder destinar para fazer calçamento em bairro, então não perde tempo com audiência pública não, você só vai perder seu tempo”, declarou.

O líder do Executivo, o vereador Edsom Sousa (Cidadania) rebateu a declaração da vereadora de “quarteirões de calçamento”. Disse desconhecer.

“Quando o povo escutar que nós temos calçamento, vai ter fila”, afirmou.

Ao fundo o vereador Rodrigo Kaboja (PSD) então diz: “só três”.

Sousa então completa: “Não estou sabendo, tem um que já deu até número aqui, que quer três”.

O outro lado

A assessoria de comunicação da prefeitura disse que “os servidores não estão autorizados a armazenar alimentos no local de armazenagem de materiais, como medicamentos, kit reagente, remédios. Será tomada medidas administrativas em relação aos servidores que estão fazendo esse uso”. Entretanto, eram os testes e gelos que estavam armazenados em locais indevidos, na geladeira da cozinha.

Sobre a destinação da verba, a assessoria confirmou que “não haverá audiência pública”.

“Sobre os 15 milhões da Vale é o Executivo que determina como será realizada a destinação, para tanto foi decidido pelo prefeito que será realizado para calçamento poliédrico nos bairros periféricos em Divinópolis”, informou.

Questionada sobre um possível favorecimento a vereadores, a assessoria disse que a secretária de governo e vice-prefeita Janete Aparecida (PSC), ao contrário do dito pelo prefeito, está recebendo indicações de todos os vereadores.

“Mas, claro, está sendo filtradas as indicações”, finalizou.