Foto: Amanda Quintiliano

Amanda Quintiliano

Trabalhadores de Divinópolis aderiram à greve nacional e foram às ruas dizer “não” à reforma da previdência. Eles são contra as medidas propostas pelo governo federal com a justificativa de conter o déficit previdenciário. A mobilização também atraiu a participação de estudantes do ensino médio e de universidades da cidade.

O servidor da Secretaria de Estado de Educação, Orlando Gouveia estava entre as mais de mil pessoas. Ele defende um estudo mais aprofundado das mudanças propostas.

“Isso precisa ser estudado mais profundamente, com mais calma, evitando causar o caos previdenciário para o povo brasileiro. O que temos visto é um ponto de interrogação. A quem vai beneficiar? A matemática não fecha”, opinou Gouveia.

Pela proposta, a idade mínima para se aposentar será de 65 anos, com pelo menos 25 anos de contribuição à previdência. Entretanto, para conseguir receber 100% do valor será preciso contribuir 49 anos. Quem contribuir por um período menor mesmo tendo atingido os 65 anos de idade terá direito a receber proporcional, cerca de 80% do salário.

Homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 anos ou mais terão de trabalhar 50% a mais do que falta hoje para sua aposentadoria. Se faltarem dois anos, trabalhariam três, por exemplo. Quem já tiver tempo de aposentadoria pelas regras atuais não é prejudicado, mesmo que não tenha dado entrada nos papéis.

“Isso é de uma violência brutal com a classe trabalhadora”, sintetizou o estudante de psicologia da Uemg, João Henrique Mendes e completou: Porque já temos um histórico de direitos adquiridos com muita luta e especialmente por parte dos sindicatos dos movimentos organizados. Agora essa população que lutou na década de 60, 70, 80,90 em busca dos direitos recebe um novo golpe”.

Ele afirma que a reforma desconsidera o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O estudante destaca que em algumas regiões do país a expectativa de vida é abaixo dos 72 anos.

“Como essas pessoas serão contemplas pelo direito de aposentadoria se dentro da faixa etária proposta elas morrem antes?”, questiona.

Com a reforma o governo espera economizar R$ 738 bilhões entre 2018 e 2027. Para o advogado previdenciário, Farlandes Guimarães a argumentação déficit/economia não passa de farsa.

“Se essa reforma for aprovada será o desmanche da previdência social”, enfatizou e complementou: “Esse déficit é uma farsa do governo com o interesse único e exclusivamente de atender o mercado financeiro, por exemplo, com a venda de previdência privada”.

Sindicatos

A manifestação em Divinópolis foi liderada pelo Movimento Unificado Sindical integrada por 10 sindicatos. Uma audiência pública foi realizada no dia 09 de março na câmara da cidade para debater o assunto com vereadores e deputados.

A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) – um dos integrantes do movimento, Ivanete Ferreira diz que essa medida é apenas uma para tirar diretos dos trabalhadores.

“Se a gente deixar essa reforma passar, atrás dela vem a reforma trabalhista e depois a reforma sindical. Eles querem acabar com todas as conquistas sociais”, ressaltou.

A concentração da manifestação foi na porta do antigo Restaurante Popular. De lá eles saíram em caminhada pelas principais ruas da cidade.