Vereador nega tentativa de coação na abordagem aos médicos das unidades de saúde de Divinópolis e fala em “resistência ferrenha”

O vereador de Divinópolis Eduardo Azevedo (PSC)  criticou o que ele intitulou como “a resistência ferrenha do divinopolitano” ao tratamento precoce para o combate a Covid-19. A declaração foi feita durante a reunião ordinária da câmara, desta terça-feira (6/4).

O parlamentar destacou os números altos dos infectados pelo coronavírus no município.

Inicialmente o vereador esclareceu a polêmica a respeito de um vídeo que circula nas redes sociais, em que um médico que atua na unidade básica de saúde do bairro Bom Pastor  alega que foi procurado por três médicos e pelo próprio vereador para sugeri-lo a adotar o tratamento precoce para os pacientes.

O profissional da saúde, indignado, afirmou não acreditar na atitude do vereador.

“Achei um verdadeiro absurdo e uma perda de tempo. Enquanto nós estávamos precisando de mais profissionais para atuar na saúde, eu tinha 3 médicos na minha frente perguntando a minha opinião e se eu poderia utilizar esse tratamento da minha prática clínica, coisa que eu sou radicalmente contra”, ressaltou, dizendo que não há comprovação científica sobre o uso de medicamentos no tratamento precoce contra a COVID-19.

Em contrapartida, após a repercussão do vídeo, Azevedo se defendeu e afirmou que em
momento algum houve algum tipo de coação.

“Eu percorri estas unidades de saúde para saber a opinião dos médicos, eu tenho esse direito”, argumentou.

O vereador aproveitou o momento de fala para criticar a resistência ao tratamento precoce no município, afirmando que a resistência que existe hoje é ideológica, por simples orgulho político.

“A resistência hoje é ideológica, por simples orgulho político, se fosse o Lula recomendando as pessoas já tinham aceitado”, disparou.

O edil defendeu a eficácia do tratamento (ainda sem comprovação científica) e citou como exemplo a utilização em Chapecó (SC), afirmando que a cidade está com os números zerados, graças
ao tratamento.

Em resposta a fala de Azevedo, a vereadora Lohanna França (Cidadania) rebateu:

“A comprovação científica do tratamento precoce é muito baixa, tem muita pouca evidência, porém nós precisamos lembrar que os médicos não são impedidos de optar por esse tipo de tratamento. O que eu quero ressaltar aqui é que os números de internação em Chapecó não zeraram não, é importante ir atrás da fonte do vídeo ou até mesmo das informações que nós acessamos”, concluiu.

Ao final de sua fala, Eduardo Azevedo comentou que o pai dele está com os sintomas de Covid-19 e que ele  iniciou o tratamento precoce no domingo (4/4)

“Iniciamos o tratamento dele e ele já não apresenta mais febre. O tratamento precoce funciona sim”, afirmou.

O caso do pai do vereador ainda é tratado como suspeito, pois não há diagnóstico com resultado de exame.

Protocolos para tratamento

A prefeitura de Divinópolis não irá estabelecer protocolos para o tratamento precoce por não tem eficácia comprovada. Entretanto, disponibiliza na rede pública os medicamentos e diz respeitar a “autonomia médica” para a prescrição.