Flávio Marra mostra áudio que afirma ter recebido por WhatsApp; “Não tenho medo”, declara
O vereador Flávio Marra (Patriota) afirma ter sofrido uma ameaça anônima depois de dizer, em pronunciamento na quinta-feira última, 4, que donos de postos de combustíveis em Divinópolis estariam praticando crime de cartel (saiba mais sobre esse crime logo abaixo)
“Na última reunião ordinária eu fiz, na tribuna, uma denúncia muito séria. Informação falando que estava tendo cartel aqui em Divinópolis. Eu sei que isso é muito sério e é por isso que falei. Eu disse que estava averiguando. Falei que eu estava buscando informações e que, se isso realmente estiver acontecendo, o que eu acho que está, eu iria investigar e a gente levaria isso Ministério Público”, explica o vereador.
Durante pronunciamento na reunião ordinária desta terça-feira, 9, Marra exibiu um áudio que afirma ter recebido por WhatsApp.
Na gravação, uma voz aparentemente masculina diz:
“Ô, vereador! Beleza? Eu vi aqui o seu vídeo sobre os postos de combustíveis. Cara, vou te falar: eu não sei se você não entendeu. Tá chegando agora. A banda não toca assim, não. Você usou um termo muito forte pra falar sobre cartel, cara. Só uma dica: toma cuidado. Não encare como ameaça, não. Mas só cuidado aí nas suas falas, beleza? Valeu!”
Depois de exibir o áudio na reunião, Marra enviou um recado ao remetente.
“Eu não sei quem é. Não te conheço. Eu não sou seu amigo. Você não bancou minha campanha. Eu não peguei dinheiro com empresário. Partido não bancou minha campanha. Eu não peguei fundo eleitoral. Eu não te devo nada. Eu estou aqui para defender o povo. Então, vai cagar!”
Marra afirmou ainda que fará o que puder para desmascarar o cartel em Divinópolis. “Vou fazer porque eu não tenho medo e não tenho rabo preso”, pontuou.
“Você é tão covarde, que eu tentei entrar em contato depois e você fez um chip falso, usou e depois descartou. Seu covarde! Eu não tenho medo de você. Eu não tenho medo das suas colocações. E muito menos das suas ameaças”.
O vereador afirma que segue apurando informações sobre indícios de formação de cartel. De acordo ele, a cidade tem 68 postos de combustíveis e muitos são dos mesmos donos.
“Tem dono de posto que tem mais de dez postos em Divinópolis e coloca o preço que quer. A gasolina, de janeiro para cá, subiu nove vezes aqui. Isso a gente não pode aceitar. Eu não vou aceitar. Não tenho medo de você”, disparou.
Em uma analogia de custos, o vereador exemplificou reflexos que atribui à prática do cartel.
“Quando você aumenta a gasolina, fazendo o seu cartelzinho, a gente paga por isso no medicamento mais caro, na carne mais cara e no pão mais caro. Porque tudo isso vem de gasolina. É a gente que paga a conta para você ficar enriquecendo e comprando posto”, acrescentou.
Ainda segundo o vereador, em Divinópolis é comum postos de combustíveis serem comprados por valores muito mais altos do que o que realmente valem.
“O posto de gasolina vale R$ 1 milhão. Chega lá oferece R$ 2 milhões. Porque aí ele aumenta 30 centavos no litro do combustível ao consumidor. Em seis meses ele paga o posto. E quem paga a conta? Nós, o povo de Divinópolis. Não adianta ficar me mandando ‘mensaginha’ tentando me coagir, não”, ressaltou.
Desdobramento
Procurada pelo PORTAL GERAIS, a assessoria de imprensa de Flávio Marra informou que o vereador não registrou boletim de ocorrência policial por ameaça, mas enviou denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais, com cópia do arquivo de áudio anexada.
O que é o cartel
A lei 8137/90 considera o cartel como crime contra a ordem econômica. Trata-se de acordo entre empresas com objetivo de fixar artificialmente preços ou quantidades de produtos e serviços, de controlar um mercado, limitando a concorrência. Prevê, para a prática, pena de dois a cinco anos de reclusão e multa.