Prefeito subiu tom de voz com Alexandra Galvão durante reunião; chefe do Executivo diz ao PORTAL GERAIS que se referia à situação
Ricardo Welbert
A forma como o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) se referiu à presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de Divinópolis (Acid), Alexandra Galvão, chamando-a de “louca” durante uma reunião na tarde desta quarta-feira (10/02), repercutiu na Câmara nesta quinta-feira (11/02).
Um vídeo que circula pela internet mostra o momento em que Gleidson sobe o tom com Alexandra durante conversa sobre um pedido de postergação do prazo para pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por causa da pandemia de covid-19.
O vídeo (disponível abaixo) mostra o momento em que Gleidson, irritado, retira a máscara e sobe o tom de voz na conversa com Alexandra.
Gleidson: “[…] a pandemia não é nossa, não. A prefeitura é como uma empresa. Partir do momento em que parou o comércio, a conta chegou aqui também. Cê tá achando que, na questão de IPTU, vamos largar e pronto e acabou? Cê tá ficando louca?”
Alexandra: “Cê tá me chamando de louca, Gleidson?”
Gleidson: “Essa atitude sua é de louca. É, louca. Senta naquela cadeira ali pra você ver.”
Alexandra: “Por que tá me chamando de louca? Peraí, uai. Quê isso. Eu tô aqui defendendo uma classe.”
Procurado pelo PORTAL GERAIS, Gleidson afirma que não chamou Alexandra de ‘louca’.
“Eu falo que a situação é louca. Não estava referindo a ela. Estava falando da situação. A gente está trabalhando com o orçamento do ano passado. Se fosse para o ano que vem, conseguiríamos fazer um estudo com essa hipótese. Já estamos em fevereiro, muitas gente já pagou. Mas o vídeo não mostra isso”, explica.
A reportagem também contactou Alexandra Galvão em busca de um posicionamento dela sobre o caso e aguarda pelo retorno.
Repercussões no Legislativo
Durante pronunciamento na reunião ordinária desta quinta, Lohanna França (Cidadania) repudiou o comportamento do prefeito.
“Como mulher, eu fiquei pessoalmente ofendida. Achei muito desrespeitoso. Se eu tivesse sido chamada de louca pela Administração Municipal, eu estaria em um caos completo. Ela foi lá fazer uma solicitação legítima. Negar o pedido dela é um direito do prefeito. Mas, prefeito, trate ela direito!”, disse Lohanna.
Ao PORTAL GERAIS, a vereadora mais votada da história de Divinópolis acrescentou que o cargo de prefeito não dá a ninguém o direito de tratar as pessoas desta forma.
“”Louca” é adjetivo mais antigo que a humanidade usa na história para descredibilizar mulheres. Espero que o prefeito se retrate”, comentou.
A vereadora Ana Paula do Quintino (PSC) também cobrou retratação ao prefeito.
“Gleidson, eu queria pedir que você viesse a público e pedisse desculpas à Alexandra Galvão”, declarou.
O PORTAL GERAIS perguntou aos outros 15 vereadores, todos eles homens, o que cada um deles acha da postura do prefeito neste ponto da reunião com Alexandra Galvão. Apenas três responderam.
Roger Viegas (Republicanos) e Eduardo Azevedo (PSC) disseram que ainda não tinham opinião formada sobre o caso porque ainda não tinham tido conhecimento dos dois lados da história. Diego Espino (PSL) disse que tem a mesma opinião manifestada pela colega Lohanna França.
Procurada também pela reportagem, a Presidência da Câmara preferiu não comentar o caso porque teve acesso a apenas uma pequena parte da discussão.
Comportamentos já criticados
Conforme informações apuradas com exclusividade pelo PORTAL GERAIS, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis (Sintram) protocolou na Prefeitura uma reclamação contra atitudes e comportamentos das chefias do governo do prefeito Gleidson Azevedo.
Embora o documento não cite a postura do prefeito, servidores, que preferiram não serem identificados, relataram à reportagem que o comportamento dele também tem gerado incômodo na categoria.
Esses relatos de trabalhadores dão conta de que Gleidson tem sido bastante grosso na lida com os servidores.
Questionado à ocasião sobre a reclamação formalizada pelo Sintram, a gestão de Gleidson Azevedo declarou, por meio de nota:
“Estamos abertos a receber o Sintram para resolvermos casos particulares se for do interesse deles. Todas as chefias já foram orientadas, mas vale ressaltar que a maioria das chefias são servidores”.