Amanda Quintiliano
As argumentações de ser o maior investimento da história de Divinópolis e com previsão de geração de cinco mil vagas de emprego não foram suficientes para convencer todos vereadores a votarem o projeto de criação da Cidade Tecnológica do Centro-Oeste. A matéria recebeu vista de sete dias na reunião extraordinária, desta segunda-feira (20), convocada especialmente para votá-la.
A implantação do projeto milionário é discutida há três anos. Com riscos e ameaças dele ser direcionado para outros municípios, Divinópolis conseguiu, na reta final, o assegurar. Para dar sequência aos tramites burocráticos que cercam o investimento, seria necessária a aprovação. Entretanto, parte dos vereadores se recusam a aprovar a matéria “a toque de caixa”.
“Quero sobrestamento de até 60 dias para estudar mais esse projeto”, pediu Hilton de Aguiar (PMDB) sem muitas argumentações ou justificativas para a solicitação.
Os vereadores Adilson Quadros (PSDB), Marquinho Clementino (PROS) e Anderson Saleme (PR) tentaram impedir o adiamento, mas foi em vão. O máximo que eles conseguiram foi reduzir o prazo de dois meses para sete dias, a contar da primeira reunião ordinária do ano. Mas, o adiamento já vem com ameaça de novo sobrestamento.
“O senhor pode pedir 30 dias agora, vista, que quando o projeto entrar eu vou pedir sobrestamento de 60 novamente”, ameaçou Hilton de Aguiar.
Defesa
O vereador Delano Santiago (PRTB) saiu em defesa de Hilton e disse que o parlamento não pode ser pressionado a aprovar projeto a qualquer momento. Ele lembrou que a implantação já é discutida desde o mandato anterior e que os atrasos na execução não podem ser creditados a atual legislatura. Para Delano, é necessário mais tempo para esmiuçar o projeto considerado por ele como complexo.
“Precisamos chamar os empresários aqui e saber mais detalhes o que eles querem […] Quantos empregos serão gerados? Quando será instalada a primeira empresa? Qual será o retorno de impostos? Se fosse urgente teria sido aprovado há três anos”, defendeu.
Desastre
O proprietário da Interpar – ligada ao grupo World Trade Center (WTC) e BHZ Arquitetura, principais investidores, Aurylio Guimarães, classificou o adiamento da votação como “desastroso” e “desanimador para o governo do Estado”. Ao PORTAL, ele disse que os vereadores não entenderam a dimensão do investimento aprovado como prioridade pelo governo estadual.
“Neste intermédio vamos ver o que faremos. O que acontece numa situação dessa é imprevisível. Não sei se os vereadores entenderam a importância. É o primeiro projeto aprovado como prioridade pelo governo do Estado para Divinópolis. Não é a Prefeitura que está apoiando, é o governo. Isso pode causar transtorno, pode demonstrar ao Estado que a cidade não está interessada em desenvolvimento”, afirmou.
Guimarães salientou ainda ter se surpreendido com o adiamento. “Se isso fosse em qualquer outro município seria aprovado por unanimidade como foi pela Comissão de Uso e Ocupação do Solo na semana passada”, ressaltou e acrescentou: “É preocupante e desanimador para os empresários que querem investir. Foi um desastre. Vamos ver o que vai ocorrer nos próximos dias”.
Pelo tramite legal, o projeto estará apto a entrar em votação no dia 11 de fevereiro, duas reuniões após o fim do recesso parlamentar.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, por enquanto ninguém irá se manifestar sobre o assunto.
O projeto, que tem as áreas econômica, social e ambiental como tripé de sustentabilidade, demandará investimentos em torno de 500 milhões de reais, com previsão de geração de mais de cinco mil empregos diretos para os próximos anos, e atração de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões em aportes de indústrias e empresas de base tecnológica que se instalarem no complexo. Ele deverá ser implantado no Choro, comunidade rural de Divinópolis.