Comissão especial apurará rotinas de recolhimento e distribuição de alimentos que perderam valor de venda, mas que ainda estão em condições de consumo; Prefeitura disse que as denúncias são infundadas

O presidente da Câmara Municipal de Divinópolis, Rodrigo Kaboja (PSD) determinou a formação de uma Comissão Especial, para acompanhar e produzir um relatório sobre os trabalhos do Banco de Alimentos Municipal. O colegiado formado pelos vereadores Adair Otaviano (MDB), Nego do Buriti (Patriota) e Roger Viegas (PROS) já iniciou os trabalhos e uma agenda de ações será formalizada nos próximos dias.

Levada para o plenário, por Adair, na reunião ordinária da última terça-feira (05), a denúncia aponta que o Banco de Alimentos estaria recolhendo, de forma irregular, alimentos nos hortifrutis, supermercados e indústrias alimentícias.

Segundo o parlamentar, sobras, restos e itens impróprios para consumo estariam sendo recolhidos e beneficiados pelo serviço, e não apenas os excedentes de produção, itens que perderam valor de venda, mas que ainda estão em condições de consumo, conforme prevê a legislação.

“Nós precisamos apurar essa denúncia, porque é importante deixar claro às responsabilidades de quem doa e de quem recebe o mantimento. Não quero em momento algum aqui criticar todas as entidades, pessoas e órgãos que fazem o trabalho importante de doar os alimentos, mas sim, apurar se existe mesmo o recolhimento inadequado de alimentos, o que traria sérios riscos para a população e entidades que consumem essa comida”, apontou Adair, detalhando que cerca de 20 instituições fazem hoje doações para o Banco de Alimentos.

O vereador apontou também que é importante que toda a logística de recolhimento de doações e beneficiamento tenha obediência às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Nós não queremos criar mais burocracia para os doadores, sendo que muitos já me relatam as dificuldades de fazer a doação, mas sim apurar a responsabilidade que permanece depois da doação. É importante deixar claro como funciona esse sistema, garantindo o maior aproveitamento possível dos alimentos doados. A informação que nós temos é que hoje um Coordenador da Secretaria Municipal de Agronegócio faz o trabalho de motorista e em uma caminhonete passa nos estabelecimentos recolhendo os alimentos. Isso precisa ser melhor detalhado e explicado para que o chamado excedente seja efetivamente destinado aos pratos de quem mais precisa e não conteúdos impróprios para consumo humano”, afirmou.

Prefeitura

O PORTAL GERAIS procurou a prefeitura de Divinópolis, que em nota, encaminhada pela assessoria de imprensa, comunicou que lamenta as denúncias, consideradas pelo Executivo como infundadas e ressaltou que o trabalho desenvolvido no Banco de Alimentos, é sério e de grande importância social.

“O projeto completou um ano de atividades no mês de setembro, beneficiando ao todo 25 instituições filantrópicas, a fim de combater a fome e o desperdício. A equipe qualificada recebeu, recentemente, uma nutricionista. A estrutura profissional e logística é responsável pela triagem e distribuição dos alimentos a partir de cadastro e critérios da secretaria. Além disso, os doadores recebem uma prestação de contas sobre o destino de tudo que é doado. Só em 2019, no período de janeiro a setembro, mais de 31 toneladas foram doadas”, divulgou.

A Administração Municipal informou também que antes das entidades receberem as doações, os alimentos passam por vários processos, como a higienização e a embalagem, havendo toda uma preocupação.

“Não há desperdício no Banco de Alimentos, pois o que não pode ser aproveitado para o consumo humano, é doado a produtores rurais para a alimentação de animais. A prefeitura ainda ressalta que a secretaria está de portas abertas para receber os vereadores ou qualquer cidadão para prestar contas sobre o trabalho desenvolvido”, concluiu.